Não quero parecer exagerado mas, sinto-me de alguma forma privilegiado por “me ter calhado” o ensaio do novo Hyundai Tucson. Depois de um feedback muito positivo dos nossos seguidores no Instagram quando o demos a conhecer, confesso que esta nova geração do Tucson conseguiu-me surpreender, e muito. É a prova de que o mercado automóvel atravessa uma fase de enorme mudança. Por outro lado, os preconceitos e estereótipos que existem, são apenas para aqueles que não querem abrir os olhos e constatar as evidências. Depois deste ensaio não tenho dúvidas, o Hyundai Tucson será o novo “player” no segmento dos SUV compactos.
A parte exterior é sempre subjetiva, é certo. E se tanto eu como a maioria dos que questionei se rendem às novas linhas do Tucson, há naturalmente exceções. Com uma lateral muito vincada e cavas das rodas quadradas, a silhueta do novo Hyundai Tucson é muito mais dinâmica do que a anterior geração que o Hugo ainda ensaiou na versão N-Line. As assinaturas LED, tanto na frente como na traseira, são arrebatadoras e inegavelmente distintas. As jantes de 19″ e a elevada altura ao solo ajudam a complementar um conjunto harmonioso, moderno e distinto.
Evolução ou… revolução!
Ainda que para mim, como referi, as novas linhas exteriores do Tucson estejam muito bem conseguidas, o melhor está no interior. Seja ao nível estético e de materiais, seja ao nível do conforto de rolamento quando nos fazemos à estrada, o bom trabalho da Hyundai é evidente. Em primeiro lugar vamos ao desenho do interior. Diferente! É o primeiro adjetivo que me ocorre. Não é, no entanto, diferente de arrojado, mas sim diferente de harmonioso.
Com um nível tecnológico nada atrás do melhor que já se faz, pelo contrário, a Hyundai conseguiu atribuir ao interior do Tucson um estilo que é simultaneamente simples e, na minha opinião, vence por isso mesmo. A forma como foi conseguida uma harmonia entre todos os materiais de qualidade acima da cintura (pele e tecido), e uma simetria perfeita entre o lugar do condutor e o lugar do passageiro, é soberba.
O friso das portas, com uma zona em preto piano e duas em cinza, vem das portas e une-se no tablier às saídas da climatização até ao centro da consola central. No lado do condutor este friso é apenas interrompido pela colocação do elegante display do painel de instrumentos de 10,25 polegadas. Tem vários temas e a informação surge de forma direta e de muito fácil leitura. Aqui, a perfeição exigia que pudesse contar também com informações da multimédia e do telefone.
O novo volante multifunções é talvez o único ponto de discórdia. Contudo, apenas quanto à sua beleza, porque em termos de ergonomia e materiais, nada a apontar. Os bancos, em pele perfurada, contam com regulações elétricas e oferecem bom apoio mas, acima de tudo, excelentes níveis de conforto.
Qualidade e… versatilidade!
Por todo o habitáculo não faltam generosos e úteis espaços de arrumação. Para além de um apoio de braço que esconde muito espaço, existem dois suportes de copos/garrafas na consola central e ainda um compartimento para outros objetos como a carteira ou o telemóvel. Uma nota positiva para a forma como a Hyundai conseguiu aqui incluir o carregador sem fios para smartphones. Os restantes objetos não ficam em cima do telemóvel, e ao mesmo tempo não está em zona de difícil acesso. É também aqui que encontramos as portas USB e 12v. E porque a diferença está nos detalhes, todos estes locais dispõem de iluminação.
Na consola central encontramos então o ecrã do sistema de info-entretenimento, totalmente integrado na mesma. Uma vez mais, a harmonia foi a prioridade. Por baixo deste, e de forma independente, a climatização que recorre a comandos táteis. Na prática, tudo funciona de forma simples, intuitiva, sem hesitações e/ou perdas de tempo. Nota positiva também para a sensibilidade do ecrã de 10,25 polegadas do sistema de info-entretenimento, uma vez mais sem reparos. O único ponto questionável é a superfície em torno de todos estes comandos. O acabamento em preto piano já sabemos que, com a utilização e limpeza, poderá vir a apresentar um aspeto “riscado” ao longo dos anos.
“Garantido é o bom ambiente a bordo do novo Hyundai Tucson onde me agradou muito viajar.”
Já sabia que este ensaio se iria prolongar nas linhas de texto mas, sem me querer alongar muito mais no interior, como vos disse é onde este Tucson mais me encanta. Há mesmo muito a dizer sobre esta (r)evolução que a Hyundai fez no Tucson. Falta-me ainda escrever sobre os lugares traseiros… e o que dizer? Espaço, conforto, ligações USB iluminadas, e ainda costas com inclinação ajustável. Tudo isto com uma boa acessibilidade. Viaja-se tão bem ou melhor atrás, que nos lugares da frente. Por fim, na bagageira temos 616 litros. Existem ganchos de fixação, uma tomada de 12v e ainda um alçapão que esconde diversos compartimentos para guardar objetos.
Na estrada… entusiasma!
Arranquemos então para a estrada que “já se faz tarde”… O Hyundai Tucson arranca com toda a suavidade que se impõe a um modelo híbrido, que utiliza um motor elétrico precisamente para ajudar no arranque. Na utilização diária entre o trânsito da cidade, é muito frequente darmos pelo Tucson em modo elétrico, desligando o motor a combustão, um 1.6 l a gasolina. Para além da referida suavidade de rolamento, ganham os consumos e as emissões. Durante dois dias, em percursos típicos do dia-a-dia (trânsito citadino e movimento nas artérias como o eixo norte-sul ou o IC19), o Hyundai Tucson marcou valores a rondar os 5,5 l/100 km.
Aqui, nesta versão, não há necessidade de preocupação de carregar a bateria. O sistema gere, de forma automática, a coordenação de ambos os motores. O referido 1.6 l com 180 cv junta-se à unidade elétrica com 60 cv que recorre a uma bateria de iões de lítio de 1,49 kWh, para uma potência combinada de 230 cv. Na prática, temos bons consumos quando o pretendemos, mas também boas recuperações e andamentos quando o objetivo é esse.
O Hyundai Tucson é considerado Classe 1 nas portagens, desde que associado ao dispositivo de Via Verde
Naturalmente que em auto-estrada, onde o Tucson se sente como “peixe na água”, os consumos sobem em virtude do sistema híbrido pouco poder fazer nesta situação. Aqui temos de contar com valores a rondar os 7,5 l/100 km, de acordo com o andamento. Ainda assim, e mesmo a velocidades de 120 km/h, o Tucson consegue rolar em modo elétrico, sempre que a inércia assim o permite. Nota menos positiva para o cruise control que não tem função de manutenção da distância do carro da frente.
Confortável e… dinâmico!?
Outro ponto muito positivo a bordo do novo Hyundai Tucson é a suspensão. Sem prejudicar o modelo dinamicamente, que por vezes até convida a acelerar, consegue um conforto e uma absorção das irregularidades da estrada notável. Principalmente se pensarmos que temos em contacto com a estrada uns pneus montados em jantes de 19″. Para além disso, ainda que se sinta o efeito da regeneração na travagem, este não é excessivo, e consegue-se controlar depois de alguns quilómetros ao volante. Aqui, faz falta um modo que aumentasse a regeneração. Desta forma conseguia-se um melhor aproveitamento e exigia-se menos do sistema de travagem. Contudo, é de salientar o bom trabalho na componente dinâmica. O novo Tucson não é daqueles SUVs que nos desmotivam assim que nos tentamos empolgar um pouco mais na condução.
Mas se “não há bela sem senão”, onde o Tucson merece uma nota menos positiva e um pedido urgente à Hyundai para que se preocupe em resolver, é no ruído aerodinâmico. O Hyundai Tucson parece bem isolado, no entanto a aerodinâmica do modelo cria alguma espécie de turbilhão na zona das janelas que é audível a partir dos 100 km/h e que aumenta em função da velocidade. Por vezes é mesmo possível ouvir o mesmo ruído aerodinâmico, vindo de ambos os lados. A solução que encontrei para estas ocasiões foi tirar partido do sistema de som Krell e ouvir uma das minhas playlists de eleição através do Spotify utilizando o Android Auto. E porque não?
Equipado e… com 7 anos de garantia!
No que diz respeito a equipamento, poucas críticas há a fazer ao Hyundai Tucson 2020, principalmente nesta versão Vanguard. Face ao modelo base, por si só já muito bem equipado, este ainda dispõe de sistema de som Krell com oito colunas, incluindo subwoofer, bancos em pele perfurada e regulações elétricas para o banco do condutor, chave inteligente com botão de ignição, porta da bagageira elétrica, embora não inclua qualquer sistema de abertura sem mãos e, para além dos ecrãs referidos, sistema de navegação e carregador sem fios para smartphones.
Por fim, o preço do novo Hyundai Tucson está alinhado com a concorrência, ainda que nem toda ela tenha a mesma variedade de oferta. A saber: Mild-hybrid a gasolina, mild-hybrid Diesel, este híbrido, e ainda um híbrido plug-in. O preço desta unidade com campanha começa nos 35 655€ e vai até aos 39 850€.
Depois deste ensaio ao Hyundai Tucson 2020, não tenho dúvidas que será um novo “player” no segmento dos SUV compactos. A confirmá-lo está já o estatuto de SUV compacto do ano que acabou de ganhar no Carro do Ano / Troféu Volante de Cristal.
Conclusão
É inegável. A evolução deste novo Tucson é enorme e faz com que este salte diretamente para o top das melhores propostas neste segmento SUV. O interior muito bem cuidado e onde nada falta, o conforto de rolamento a par com andamentos mais do que razoáveis e um bom pacote tecnológico são as mais valias do Tucson. A rever está apenas o ruído aerodinâmico.
Ficha Técnica
1598 cm3
Cilindrada
350 Nm
Binário Máximo
230 cv
Potência
8,0 s
0-100 KM/H
193 km/h
Velocidade Máxima
5,7 l/100 km
Combinado
6,8 l/100 km
Registado
130 g/km
Emissões CO2
35 655€
Base
39 850€
Ensaiado
Interior. Qualidade. Prestações. Conforto. Tecnologia.
Ruído aerodinâmico.