Está a chegar ao mercado o segundo modelo 100% elétrico sobre a nova sigla EQ da Mercedes-Benz. O Mercedes EQA chega ao mercado no próximo mês de abril mas nós já lhe deitamos as mãos para um ensaio… prolongado! Pusemos à prova o modelo que, provavelmente, virá a ser o modelo mais vendido da gama EQ durante mais de 2000 km em todo o tipo de estradas. Curioso?
Depois dos nossos colegas da Razão Automóvel terem tido o privilégio de o conhecer em Madrid num breve contacto, aquando da sua revelação, nós não só fomos os primeiros a testar o novo Mercedes EQA em território nacional, como não nos poupamos a quilómetros para tirar todas as dúvidas sobre o novo elétrico da marca alemã. Mas antes disso, vamos entender do que se trata este novo modelo da gama EQ.
O Mercedes EQA será o modelo de entrada na gama de modelos 100% elétricos da Mercedes-Benz denominados de EQ… Já conhecemos o EQC e, depois deste EQA, chegará o EQB, o EQE e o EQS. Todos eles deverão chegar até nós ainda este ano. Com estes a gama Mercedes-Benz totalmente elétrica conseguirá abranger praticamente todos os segmentos.
O que o distingue?
Neste caso temos um modelo que se assemelha em tudo com o novo Mercedes-Benz GLA. Não é por acaso… Com ele partilha, desde logo, a plataforma MFA-II, mas não só. Todo o interior é decalcado do modelo original a combustão, o que se revela um elogio. Qualidade de construção e materiais que não deixam antever ruídos ou qualquer tipo de problemas futuros. O isolamento acústico também foi aprimorado, algo muito relevante já que se trata de um modelo 100% elétrico. Uma das poucas diferenças está na bagageira que conta com 340 l, cerca de 90 l a menos que o modelo a combustão, dependendo da versão.
Já no exterior as diferenças passam por jantes específicas, ainda que neste caso com o carimbo da AMG, e uma frente que abdica de uma grelha em prole de uma superfície em preto totalmente fechada. Depois, a assinatura LED específica para os modelos EQ, destaca-se. Tanto na frente como na traseira os grupos óticos unem-se com uma faixa em LED.
Ao nível do equipamento e sistemas de info-entretenimento, tudo se mantém nos níveis de referência que já encontramos em outros modelos a combustão do construtor. Não faltam bancos aquecidos e ventilados e várias funções úteis para fazer o pré-aquecimento, entre outras. A aplicação Mercedes Me é também útil para sabermos o estado do carro/bateria e podermos operar algumas funções à distância como o trancar e destrancar o carro, ou ligar a climatização.
Mercedes EQA: Mais de 400 km de autonomia para o SUV elétrico de entrada na gama EQ
Mercedes EQA é o novo SUV elétrico da Mercedes para a base da gama EQ. O EQA 250 anuncia 426 km de autonomia com um preço de 53 750€.
Não tive muito tempo de me sentar atrás mas o túnel central, ainda que exista, é praticamente nulo contribuindo para uma boa habitabilidade. Isto acontece uma vez que todo o piso está ligeiramente mais alto, fazendo com que os passageiros viajem com as pernas um pouco mais fletidas.
E a ficha técnica?
No Mercedes-Benz EQA contamos com uma bateria de 66,5 kWh úteis. Está situada por baixo do piso, ao centro, e dividida em cinco módulos. Na verdade a bateria do EQA é ainda significativamente maior (80 kW) mas diz a marca que “por motivos de qualidade” apenas podemos contar com os referidos 66,5 kWh. É com eles que, supostamente, podemos contar com os 426 km de autonomia em modo WLTP. E na prática? Na prática é uma verdade que não andamos muito longe disso.
Como devem imaginar, para percorrer mais de 2000 km em menos de 48 horas, o andamento não foi exclusivamente citadino. Conduzi em auto estrada, à velocidade limite permitida por lei, e percorri muitas estradas nacionais. Entre elas aquela que vai inaugurar as Rotas de Portugal, o nosso mais recente projeto… Por este motivo, é natural que os consumos finais sejam ligeiramente acima do anunciado e, fazendo as contas, a autonomia se fique também um pouco abaixo do proclamado. Ainda assim, conseguimos antever valores perto dos anunciados para uma condução mais “regrada”.
Em alguns percursos de várias centenas de quilómetros o computador de bordo marcava médias a rondar os 16 kWh/100 km. Do mesmo modo, em trajetos com mais auto estrada atingiram os 18 kWh/100 km. A média final dos 2000 km foi exatamente de 20 kWh/100 km, conseguindo tirar partido dos 190 cv em estrada, onde o EQA se sente confortável em qualquer regime e até à sua velocidade máxima. Mesmo com esta média, a autonomia real rondará os 350 km, valor bastante aceitável e que, como referido, me permite acreditar nos valores anunciados com uma condução mais… tranquila.
E para carregar?
Como deves calcular, para fazer cerca de 2000 km em menos de 48 horas, foram vários os carregamentos que tivemos que fazer, e nem todos da mesma forma. Para conseguirmos cumprir a “maratona”, utilizamos maioritariamente postos de carregamento rápido com corrente contínua. Aqui, o EQA carregou sempre a uma velocidade próxima dos 50 kWh, metade do máximo possível de 100 kWh. Talvez por este motivo, mas também pela existência de uma bomba de calor que mantém a bateria à temperatura ideal, não tenha notado perda de eficiência no carregamento para lá dos 80%. É um facto que normalmente é pouco eficaz, mas por duas vezes tive mesmo que o fazer. Nessas alturas, a autonomia marcada foi de aproximadamente 390 km. Nunca tive a bateria abaixo dos 20%, mas neste caso uma hora e meia seria suficiente para carregar a totalidade da carga.
Por outro lado, em corrente alterna, o EQA permite carregar a um máximo de 11 kWh, o que levará cerca de seis horas para carregar a totalidade. Já numa tomada doméstica mais convencional e com o cabo fornecido (2,2 kW)… uma eternidade, ou seja, mais de 30 horas! Não sendo esta uma hipótese viável, no nosso caso optamos por uma solução fornecida pela ADN Energy. Esta consiste num carregador portátil capaz de carregar até 32A que, numa instalação trifásica, permite atingir os 22 kWh, embora neste caso o EQA apenas permita os referidos 11 kWh. No entanto, existem inúmeras opções de acordo não só com o pretendido, como com o tipo de instalação elétrica onde se pretende carregar o carro.
Dinamicamente compromete?
A resposta é não. O Mercedes EQA cumpre aquilo que dinamicamente se pode exigir de um SUV 100% elétrico sem esquecer o peso adicional das baterias. O EQA pesa aproximadamente mais 400 kg do que o um GLA. São mais de duas toneladas, o que é muito! Com o intuito de melhorar o comportamento dinâmico, e aproximá-lo dos modelos a combustão, foram feitos ajustes nos amortecedores, nas molas, nos casquilhos, e ainda nas barras estabilizadoras. Ainda assim, o sprint dos 0-100 km/h é cumprido em quase nove segundos (8,9s). Um valor superior ao do GLA 200d que ensaiamos. De qualquer modo, os 190 cv são mais do que suficientes para boas recuperações, ainda que prejudiquem fortemente os consumos quando tiramos partido delas.
Nas zonas mais encadeadas podemos conduzir o EQA particamente apenas com as patilhas do volante. São estas que permitem regular quatro modos de regeneração e que vão do forte ao quase inexistente permitindo que o EQA role livremente quando assim pretendemos. Quando é necessário recorrer aos travões, ainda que esteja lá, o efeito de regeneração não é excessivo, o que pessoalmente me agradou bastante.
Por fim, o Mercedes EQA revelou ainda bons níveis de conforto, e que me permitiram não me queixar das costas depois de uma “maratona” de mais de 20 horas ao volante…
O EQA vem equipado com pneus Bridgestone Turanza T005 O resumo deste nosso ensaio ao EQA A carregar a 11 kWh numa instalação trifásica de 32A
Conclusão
Com uma boa autonomia e bons níveis de conforto acústico e de rolamento, o Mercedes EQA é, sem dúvida alguma, uma muito boa opção no mercado dos modelos 100% elétricos, independentemente do tipo de carroçaria. No interior é um Mercedes-Benz como todos os outros, o que é o maior elogio que lhe podíamos fazer.
Ficha Técnica
375 Nm
Binário Máximo
190 cv
Potência
8,9 s
0-100 KM/H
160 km/h
Velocidade Máxima
53 750€
Base
nd€
Ensaiado
Conforto. Qualidade. Isolamento.
Bagageira.