É um facto e neste caso a brutal gargalhada é, sem dúvida alguma, do Kia Sportage! Lançado na sua primeira geração em 1993, o Sportage precisava urgentemente de se fazer apresentar na sua 5ª geração. A anterior acusava o peso dos anos e já se sentia significativamente inferiorizada face aos seus concorrentes, nomeadamente os mais recentes. Contudo, nos automóveis o último a jogar fica em vantagem já que tem a possibilidade de analisar os pontos fortes, e menos fortes, dos adversários. Ou seja, o último a rir… é o Kia Sportage!
Em primeiro lugar é preciso deixar claro que não se trata propriamente de uma renovação do modelo. O Kia Sportage 2022 é um automóvel totalmente novo. Para além disso, é também o primeiro a receber a eletrificação. Se não o fizesse, ficaria desde logo para trás, e se há coisa que a Kia não tem feito, é ficar para trás dos seus concorrentes, pelo contrário.
SUV com imagem atraente
Comecemos pelo exterior onde as parecenças com a anterior geração são… nenhumas! Isto claro, pondo de lado o facto de ser manter como um SUV do segmento C. Encontramos sim algumas semelhanças mas com outro modelo do construtor, o Kia EV6. Isto verifica-se na traseira, onde existe um vinco acentuado numa posição mais alta e que acaba por dividir a secção vidrada da restante. O para-choques não está bem definido, a chapa de matrícula assume uma posição mais subida e a zona inferior confere alguma robustez e aspeto de aventureiro ao Sportage. Na lateral o destaque vai para o friso cromado que acompanha a parte inferior das janelas e, na traseira, desencontra-se para se alinhar com o spoiler traseiro. Tanto na frente, como na traseira, sobressai também o novo logotipo da Kia com imagem muito mais moderna e distinta.
Apesar de se tratar de um automóvel completamente novo, e não uma atualização, as dimensões sofreram poucas alterações. São apenas três centímetros de comprimento, e um centímetro tanto em largura como em altura. O mesmo acontece com a distância entre eixos, com mais um centímetro. As jantes de liga leve são de 18″, as únicas disponíveis, e esta cor verde denominada de “Experience Green” assenta-lhe, na minha opinião, bastante bem.
A frente tem uma assinatura LED que não só é inconfundível, como lhe confere uma imagem bastante hi-tech, aliás o mesmo acontece com o novo logotipo da marca tanto no capot, como na bagageira, e ainda no volante. E já que falamos de volante, passemos ao interior que está, igualmente, muito bem conseguido, mas não sem antes concluir que, de uma maneira geral e pelos feedbacks que fomos recebendo, a imagem exterior agrada muito.
Tecnológico, espaçoso, e bem equipado
Em primeiro lugar vamos nos focar na parte da frente. A posição de condução é sempre um pouco mais alta, o que já sucedia na anterior geração. De qualquer modo, sinto que esta foi mais uma das grandes evoluções do modelo. Temos o banco do condutor com regulações elétricas e apoio lombar. Depois, temos dois ecrãs unidos por uma moldura que assume alguma curvatura. Na prática é exatamente a mesma solução que encontramos no Kia EV6, o que não é de todo uma crítica, pelo contrário. Com os comandos por baixo deste acontece precisamente o mesmo. O friso de botões virtuais tem dupla funcionalidade. Tanto comandam a climatização, como todas as funções do sistema multimedia. Requer hábito na hora de querer aumentar ou diminuir o som e fazer o mesmo à temperatura da climatização, mas é apenas isso, uma questão de hábito.
O nível de equipamento desta versão TECH não deixa praticamente nada de fora. Só para exemplificar cito alguns. Carregamento para smartphones sem fios, bancos e volante aquecidos, fichas para todos os gostos, USB, USB-C e ainda 12v, acesso conforto e arranque sem chave, bancos elétricos, câmara estacionamento, e travão de mão elétrico com função auto-hold. Temos ainda portão da bagageira elétrico com função de abertura sem mãos e faróis automáticos. O funcionamento dos assistentes de condução autónoma é irrepreensível, e apenas o avisador de transposição involuntária da faixa de rodagem acaba por incomodar. Lembram-se do meu desabafo?
A qualidade geral está num excelente nível e ainda que prematura, a unidade que ensaiamos estava isenta de qualquer ruído indesejado. O único ponto passível de melhoria no futuro prende-se com o som do puxador exterior ao abrir uma porta. Sem dúvida desenquadrado com a imagem premium de todo o interior.
O interior do Kia Sportage é muito espaçoso e acolhedor com materiais de boa qualidade
Ainda nos pontos menos positivos, destaque para a obrigatoriedade ainda de usar cabos para poder usufruir do Apple CarPlay e do Android auto. Por outro lado o sistema de info-entretenimento é intuitivo na sua utilização e oferece várias opções interessantes como o “modo silencioso” que permite desativar as colunas dos lugares traseiros, especialmente útil para ouvir o noticiário quando vamos em família, ou para ouvir música enquanto as crianças dormem no banco de trás. Temos ainda sons da natureza, notas de voz, meteorologia em tempo real, e ainda, para os amantes do desporto, uma App que permite acompanhar os resultados dos jogos de cada equipa, sejam eles de futebol, basquetebol, golfe ou basebol.
Ao nível do manuseamento continuo a preferir a opção dos alemães que nos permite comandar o sistema não apenas através do ecrã tátil, mas também com um comando na consola central. Isto porque, por vezes, a primeira opção obriga a uma posição menos confortável quando temos que movimentar o corpo para a frente para alcançar o ecrã. Pormenores…
O painel de instrumentos totalmente digital é completo e de fácil leitura, ainda que não permita configurações. Por outro lado já esperava poder controlar aqui a parte multimédia.
A habitabilidade do Kia Sportage está num excelente nível
Nos lugares traseiros o Kia Sportage 2022 assume-se como um verdadeiro carro familiar. Aqui oferece mais dois centímetros de comprimento e cerca de um centímetro em largura. A altura mantém-se inalterável. Ou seja, muito espaço, beneficiado por um túnel central muito pouco proeminente, e uma posição correta, com possível regulação da inclinação das costas e apoio de braço central. Ao dispor os passageiros têm ainda climatização independente, fichas USB e até bancos aquecidos. A volumetria da bagageira varia consoante as versões, mas neste Sportage híbrido tem 587 litros de capacidade.
Aqui existe ainda uma tomada 12v, ganchos para fixação, um fundo falso para transportar objetos mais pequenos e possibilidade de rebater os bancos traseiros logo daqui na proporção 40/20/40.
Bons andamentos, melhor comportamento
Ao volante do novo Kia Sportage híbrido (HEV), dispomos de apenas dois modos de condução, o Eco e o Sport. Este último é beneficiado por uma caixa automática com seis relações. Ainda que estejamos perante uma caixa automática com conversor de binário, esta responde assertivamente aos comandos dados através das patilhas do volante, seja nas reduções em entradas de curva, seja no aumento de relações. Há que ter em conta que não estamos perante um SUV de cariz desportivo, nem nada que se pareça.
Contudo, o chassis do novo Kia Sportage tem uma afinação específica para a Europa, o que lhe confere um comportamento em curva mais eficaz, e com menos adornar da carroçaria. Este facto é mais evidente quando conduzimos em modo “Sport”, onde este SUV se revela até superior a alguns dos seus concorrentes. Para além disso, a suspensão independente nas quatro rodas também ajuda. Pena é que este SUV híbrido não esteja disponível em Portugal na sua versão mais apelativa e de caráter desportivo, a GT-Line.
Por outro lado, os sistemas de auxílio à condução também se adaptam ao modo de condução selecionado de forma a retomarem a velocidade de forma mais célere (modo Sport) ou mais gradual (modo Eco).
Por fim, não sendo esta uma versão de tração integral (só disponível na versão híbrida plug-in), podemos contar com um útil controlador de descidas.
Híbrido com consumos do 8 ao 80
Como híbrido que é, este Kia Sportage usufrui de uma ajuda elétrica que conta com uma bateria de apenas 1,49 kWh, mas que ainda assim é especialmente útil em cidade. Tanto assim é que, com uma condução regrada no meio do trânsito citadino, é possível registar valores de cerca de 5,5 l/100 km. Em contrapartida, em autoestrada a coisa descamba um pouco. Se circularmos dentro dos limites de velocidade, podem contar com 7 l/100 km, ao passo que acima disso 8 l/100 km é o valor mais provável. Com uma utilização mista durante o nosso teste, alcançámos uma média geral de 6,2 l/100 km. Ou seja, muito próxima da anunciada.
Preço é só um detalhe!
O preço deste Kia Sportage híbrido é de 43 500€ mas que, com a campanha de lançamento em vigor, fica por 39 800€. A unidade ensaiada dispunha ainda da pintura metalizada e do teto de abrir panorâmico, os únicos opcionais disponíveis em Portugal. Contudo, há dois temas tão ou mais importantes que o preço na hora de optar pela aquisição de um SUV deste segmento. Em primeiro lugar a Kia oferece para o Sportage uma garantia de 10 anos ou 200 mil quilómetros. É isso mesmo! Vou repetir… 10 anos, ou 200 mil quilómetros!
Por fim, mais uma nota bem importante. Ao contrário do que acontece com o irmão da Hyundai, o Tucson, o Kia Sportage é sempre Classe 1 nas portagens nacionais, independentemente de ter ou não dispositivo de Via Verde.
Conclusão
O novo Kia Sportage é um SUV carregado de mais valias e que, tendo sido dos principais SUVs do segmento, o último a receber uma nova geração, joga em vantagem perante os seus adversários. Oferece muito equipamento, boa tecnologia, e espaço e conforto num habitáculo acolhedor e de qualidade. A cereja no topo do bolo são os 10 anos de Garantia e o facto de ser sempre Classe 1 nas portagens nacionais. Contudo, com uma única versão disponível no mercado, as opções resumem-se à pintura e ao teto de abrir panorâmico, quando a possibilidade de múltiplas configurações poderia ser mais um trunfo.
Ficha Técnica
1598 cm3
Cilindrada
350 Nm
Binário Máximo
230 cv
Potência
8 s
0-100 KM/H
193 km/h
Velocidade Máxima
5,7 l/100 km
Combinado
6,2 l/100 km
Registado
129 g/km
Emissões CO2
39 800€
Base
41 550€
Ensaiado
Equipamento. Qualidade interior. Garantia. Conforto. Espaço.
Apenas uma versão disponível. Pouco configurável. Pouco refinado na abertura das portas.