Mazda 3 e-Skyactiv X. Abordagem diferente para o segmento C!

Com uma evolução no motor Skyactiv-X que lhe dá mais potência, binário e menor consumo, fomos com o Mazda 3 para a estrada ver as diferenças.

Mazda
Segmento C
Mazda3 HB 2.0 e-Skyactiv X 186 cv Excellence Estofos Vermelhos + TAE

Primeiramente lançado em 2019, com a mais recente linha de design da marca japonesa, o Mazda 3 recebeu agora uma evolução no motor Skyactiv-X, aquele que representa a versão mais potente da gama, passando a chamar-se e-Skyactiv-X. Com um visual hatchback bastante desportivo, o que é realçado pelos grupos óticos e pela linha de cintura descendente, o Mazda 3 já recebeu vários prémios no que a design diz respeito. Foi inclusivamente eleito o World Car Design of the Year nos World Car Awards de 2020.

O Mazda 3 insere-se no segmento C, o dos familiares compactos. O estilo, parte da linha de design Kodo, é um facto distintivo deste produto, sendo priorizado, por exemplo, face à visibilidade traseira a 3/4.

Design desportivo em embrulho familiar

No papel de familiar o Mazda 3 cumpre as expectativas sem se destacar da concorrência. Os passageiros dianteiros têm espaço suficiente e só atrás nos sentimos mais acanhados, quer em espaço para as pernas, quer ao nível da cabeça, mas não é crítico. Analogamente, nos lugares traseiros, lamenta-se a falta das saídas USB ou até da ventilação, apenas presentes na consola central. A bagageira tem 358 l de capacidade.

Continuando no interior, a qualidade de construção não é imune a ruídos parasitas pois os materiais são duros abaixo das saídas de ventilação. O info-entretenimento não é táctil mas tem um comando físico junto à caixa de velocidades e a climatização está segregada, o que saudamos. A definição da navegação é melhorável, no entanto existem ligações Apple Carplay e Android Auto. Entretanto encontramos espaços de arrumação na consola central, debaixo do apoio de braços e nas portas. Os acabamentos preto piano estão também muito presentes no interior do Mazda 3 e são atreitos a riscos.

Todavia, no que respeita à posição de condução esta beneficia da regulação elétrica dos bancos e de um volante de três raios com excelente pega e diâmetro. A alavanca da caixa de velocidades cai facilmente na mão e os manómetros digitais têm fácil leitura, ainda que o computador de bordo seja demasiado simples.

Mas afinal, o que mudou?

A única novidade deste Mazda 3 que ensaiamos prende-se com o motor. Assim sendo, a designação e-Skyactiv X traz alterações ao evoluído motor 2.0 l a gasolina. Além do sistema Skyactiv-X, que explicamos em detalhe neste artigo, o motor recebe um sistema mild hybrid de 48v que aproveita a energia da travagem com o intuito de aumentar a janela de funcionamento do start-stop. Entretanto, a relação de compressão foi ajustada para 15:0:1, os pistões alterados e a Centralina atualizada. Estas mexidas trouxeram mais 6 cv (de 180 cv para 186 cv) e 16 Nm de binário adicionais, para os 240 Nm ás 4000rpm. Os consumos homologados desceram 0.6 l/100km e o CO2 acusa menos 8 g/km.

Momento pois para perceber como é que estas diferenças se conjugam em estrada. Em zonas urbanas o Mazda 3 é um familiar fácil de conduzir dado que o motor não passa vibrações e é muito suave. A direção é precisa e dá alguma informação e os comandos, leves e fáceis de dosear, ajudam. A caixa manual de seis relações tem um manuseamento suave e preciso e é um prazer de utilizar, o que vai acontecer regularmente… mas já la vamos. Desse modo só a visibilidade traseira e a 3/4, cortesia do pilar C bastante espesso, prejudica as manobras.

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E em estrada, nota-se?

Em estrada a impressão já não é tão positiva. Apesar das alterações operadas pela Mazda, o motor 2.0 l atmosférico continua a ter pouco binário a baixa rotação. Os parcos 240 Nm aparecem apenas ás 4000 rpm e é mesmo preciso fazer rodar o motor acima das 3000 rpm para ter alguma genica. O uso regular e criterioso da caixa de velocidades é, assim, fundamental para apurar regimes e dar andamento ao Mazda 3, até porque não sentimos os 186 cv de potência. As recuperações em estrada e auto-estrada são sempre muito marcadas por este facto, porque o escalonamento da caixa manual é longo, com a 5ª velocidade a permitir mais de 235 km/h e a 6ª mais de 300 km/h, em teoria, claro! A velocidade máxima anunciada ascende aos 216 Km/h.

Em estradas mais encadeadas o chassis do Mazda 3 revela boas capacidades dinâmicas. Com uma inserção em curva ágil e natural, tem uma traseira que acompanha e apoia a direccionalidade da frente. A direção precisa é uma aliada neste processo e o rolamento da carroçaria está bem controlado. O Mazda 3 é capaz de entreter em zonas de curvas. A relação conforto/comportamento é boa, dado que não sofremos pancadas em maus pisos, mesmo com as jantes de 18″ e com o eixo traseiro rígido. Infelizmente, o motor acaba por não permitir ao chassis demonstrar todas as suas qualidades.

Durante o nosso teste realizamos um consumo de 7 l/100 km, um valor que tende a subir em andamentos mais rápidos em estrada.

Muito e muito equipamento

A versão Excellence ensaiada situa-se no topo da gama e, por isso, conta com uma dotação de equipamento extremamente completa. Da navegação à iluminação LED, passando pelas camaras 360º, som Bose ou bancos elétricos, nada falta. Também o teto de abrir e as jantes de 18″ fazem parte do conjunto. No que respeita aos apoios à condução temos o avisador de ângulo morto, o cruise control adaptativo, o avisador de colisão, o head-up display e o avisador de manutenção na faixa. O funcionamento é correto aparte os sistemas de manutenção na faixa e de aviso de colisão, um pouco hiperativos. Pena é que as configurações façam reset sempre que desligamos o Mazda 3.

Nesta versão super equipada o Mazda 3 e-Skyactiv X Excellence tem um preço de 37 657€ e pode ser configurado no site da marca japonesa.

Conclusão

Lançado em 2019 o Mazda 3 recebe agora algumas alterações no motor que melhoram a potência, o binário e os consumos desta versão e-Skyactiv X. Se enquanto familiar compacto o Mazda 3 cumpre perfeitamente, estas alterações não resolveram a falta de alma do motor, muito dependente de rotação e da caixa de velocidades. Caso para dizer que a tecnologia não é um fim, é um meio. Ela só é realmente importante quando contribui para fazer um produto melhor...

Ficha Técnica

Cilindrada

1998 cm3

Cilindrada

240 Nm

Binário Máximo

186 cv

Potência

Cilindrada

8,1 s

0-100 KM/H

216 km/h

Velocidade Máxima

Cilindrada

5,3 l/100 km

Combinado

7 l/100 km

Registado

121 g/km

Emissões CO2

Cilindrada

37 657€

Base

38 257€

Ensaiado