A Mercedes-Benz apresentou recentemente os dados de vendas referentes ao primeiro trimestre deste ano. Para além de um aumento de vendas de 21,8% no primeiro trimestre, em março vendeu 1210 automóveis em Portugal, representando 9,5% do mercado. Destes, 522 corresponderam a veículos eletrificados. A marca da estrela mantém-se como líder de mercado nos veículos eletrificados. O Mercedes-Benz GLC 300de que aqui ensaiamos, é apenas uma das propostas que contribuem para estes resultados.
Até final deste ano a Mercedes-Benz pretende ter na sua gama 30 versões híbridas plug-in. Por outro lado, já em 2030, a empresa pretende que mais de 50 % dos veículos ligeiros de passageiros vendidos sejam modelos eletrificados, entre veículos totalmente elétricos e híbridos plug-in. A Mercedes-Benz é ainda a única construtora a propor híbridos plug-in tanto a gasolina como a gasóleo. Em algumas gamas, como é o caso deste GLC, ele existe nas duas versões.
Este ano, e até ao momento, a Mercedes-Benz já vendeu 1283 veículos eletrificados, representando mais de metade deste segmento de mercado.
Referência premium
Ainda que a aguardar uma renovação, agendada para breve, o Mercedes-Benz GLC mantém-se como uma das melhores propostas no segmento premium dos SUV médios. As linhas arredondadas do modelo não parecem nada fora de moda, pelo contrário. Aqui convém referir que a atual geração data de 2015. Para além das atualizações que já foram aplicadas no novo Mercedes-Benz Classe C e de uma evolução significativa nas baterias aplicadas, tal como já acontece na gama GLE, o novo modelo vai trazer naturalmente mais novidades. Contudo, o atual modelo ainda vende consideravelmente, provando a sua validade junto da concorrência.
A atual geração, como disse lançada em 2015, recebeu algumas atualizações em 2019. Estas concentraram-se nas assinaturas LED tanto na frente como na traseira, e em algumas “modernices” no interior. Falo da possibilidade de contar com um painel de instrumentos digital, por exemplo, ou a inclusão do novo sistema de info-entretenimento MBUX como novo volante munido dos comandos hápticos, simples e práticos de utilizar. Todos os restantes atributos do Mercedes-Benz GLC mantiveram-se inalterados. Foi aliás ao volante desta nova geração que em 2019 fizemos um roteiro até Celorico da Beira que vale a pena recordar.
Em primeiro lugar, o referido painel de instrumentos empresta ao modelo uma componente mais tecnológica e moderna, inquestionável. O completo sistema permite inúmeras configurações e personalizações de forma a termos presente a informação mais relevante em cada momento. Isto em qualquer um dos ecrãs de 12,3 polegadas. No central é onde usufruímos por exemplo do sistema Apple CarPlay ou Android Auto. O sistema é intuitivo e no interior do GLC reina uma boa ergonomia de todos os comandos.
Híbrido plug-in… Diesel!
Mas se falar do conforto, da qualidade, e das capacidades off-road do GLC é mais do mesmo, falar das mais-valias desta versão híbrida plug-in Diesel já não é bem assim. Apesar do construtor já apresentar uma solução bem mais avançada em outras gamas, como é o caso do GLE, não significa que esta aqui presente não evidencie também as suas qualidades.
Inegavelmente a solução híbrida está bem otimizada, recorrendo a uma bateria de 13,5 kWh com a possibilidade de carregamento externo. É com ela que conseguimos percorrer cerca de 42 km em modo 100% elétrico. Isto, se forçarmos o modo elétrico para utilizar a carga da bateria até esta esgotar. Se por outro lado deixarmos o sistema a fazer a gestão em função do percurso, a distância percorrida em modo elétrico é superior. Uma enorme mais valia, principalmente para os meios urbanos, onde as mais de duas toneladas deste GLC abdicam de recorrer constantemente ao gasóleo do depósito. Contudo, os consequentes consumos reduzidos não são o único trunfo deste híbrido plug-in. Para além disso, a disponibilidade é muito mais imediata, e a componente elétrica acaba por colmatar os atrasos do turbo.
Carregamentos
A bateria de 13,5 kWh pode ser carregada em cerca de seis horas numa tomada doméstica normal, utilizando o carregador/cabo fornecido pela marca que limita o carregamento à velocidade de 2,4 kW e em menos de 2 horas usando um carregador de 7,4kW. Ainda assim, o Mercedes-Benz GLC 300de tem a capacidade de conseguir utilizar duas fases. Ou seja, numa instalação trifásica, e com um carregador de 11kW é possível por exemplo efetuar um carregamento a 7,4 kW (2 x 3,7 kW). Nós, aqui na redação, utilizamos uma das soluções ADN Energy.
Aqui estão TODOS os automóveis Híbridos Plug-in do mercado
A lista de TODOS os automóveis híbridos Plug-in (PHEV) atualmente em comercialização no nosso país com respetivo preço por escalões.
Familiar… potente!
Depois, em estrada, a potência combinada é de 306 cv, o que deixa antever os bons andamentos de que é capaz. Desta forma une as aptidões de uma proposta familiar com bons andamentos e até uma dinâmica bem acima da média. A primeira é apenas beliscada pela bagageira que tem o seu piso demasiado elevado devido à colocação das baterias. Ficam “apenas” 395 litros. Todavia, existe um pequeno alçapão onde é possível guardar os cabos de carregamento, e as costas dos bancos traseiros permitem uma regulação que aumenta a capacidade da bagageira para transporte de volumes maiores.
Os modos de condução disponíveis permitem evidenciar qualquer uma das valências deste Mercedes-Benz GLE 300de, seja na sua componente dinâmica recorrendo aos modos Sport, seja na economia com os modos Eco e Electric. É claro que na primeira o peso faz-se sentir, principalmente nesta versão. Existe ainda a possibilidade de reservar a carga da bateria para uma utilização posterior. Acima de tudo, estabilidade e conforto são notas dominantes. Para este último em muito contribui o excelente isolamento do habitáculo e o bom amortecimento da suspensão.
Com os modos de condução, o Mercedes-Benz GLC 300de transforma-se!
Igualmente a já conhecida caixa automática 9G-Tronic também não merece qualquer reparo para a proposta em questão. Suave, bem escalonada, rápida o suficiente quando assim o pretendemos, e que ainda permite ao Mercedes GLC uma poupança significativa, onde nem um modo de “velejar” falta.
No final, e depois de percorridos mais de 500 km com vários tipos de utilização e quatro carregamentos da bateria de 13,5 kWh, terminei o ensaio a este SUV híbrido da Mercedes-Benz com média de 5,8 l/100 km.
Consumo geral com quatro carregamentos e utilização mista. Consumo em auto estrada, arrancando com bateria carregada.
eScooter
Durante o ensaio ao Mercedes-Benz GLC 300de, tivemos ainda oportunidade de testar a eScooter. É uma trotinete elétrica que representa mais uma solução de mobilidade da Mercedes-Benz. Com um peso de (13.5 kg), e um intuitivo mecanismo de dobragem, esta pode ser facilmente transportada. O motor elétrico tem uma potência máxima de 500 W, o que permite uma velocidade máxima de cerca de 22 km/h. Para além disso, a bateria de 7.8 Ah dá uma autonomia de até 25 km.
A bateria é carregada em cerca de 3 a 3.5 horas numa tomada doméstica e atinge 70% em apenas duas horas. Mais tarde, a Mercedes-Benz prevê ter soluções para que o carregamento possa ser feito numa base de carregamento dentro dos seus automóveis e durante a viagem. Outra mais valia desta eScooter é a suspensão dianteira e traseira, bem como os pneus de borracha de 20 cm de diâmetro. Para travar existe um travão de tambor traseiro e um travão de pé na placa de proteção. Por fim, tem um preço de 1250€ e pode ser adquirida em qualquer concessionário Mercedes-Benz.
O Calcanhar de Aquiles
Onde este Mercedes-Benz GLC 300de desilude é de facto no equipamento. É incompreensível que uma unidade como esta com um valor de quase 85 mil euros não inclua itens como o acesso sem chave que podemos encontrar no Dacia Sandero de 14 mil euros! No mesmo sentido, há vários sistemas de ajuda à condução que estão incluídos no equipamento de série de alguns modelos e que aqui uma vez mais constam da lista de opcionais.
Para ser perfeito?
Curiosamente, e na minha opinião, não era preciso muito para que o Mercedes-Benz GLC 300de atingisse a perfeição. Contudo, talvez se tratem de premissas opostas. Nem sempre é possível ter o melhor de dois mundos, mas uma bateria ligeiramente maior para ultrapassar os 50 km de autonomia elétrica, bem como a colocação desta numa posição que não prejudique o espaço da bagageira, já era meio caminho andado. Por fim, a inclusão de algum itens básicos na lista de equipamento de série também não era mal pensado, como é o caso do acesso sem chave ou alguns sistemas de ajuda à condução.
Conclusão
Aliando níveis de conforto e qualidade típicos da Mercedes-Benz neste segmento, este GLC 300de consegue o melhor de dois mundos. Une a rapidez de resposta e boas recuperações, com consumos moderados sempre que se puder fazer uso da componente elétrica que recorre a uma bateria de 14,5 kWh. Ainda que em vias de receber uma atualização profunda, o Mercedes-Benz GLC mantém-se como uma das mais válidas propostas do segmento.
Ficha Técnica
1950 cm3
Cilindrada
400 Nm
Binário Máximo
306 cv
Potência
6,2 s
0-100 KM/H
230 km/h
Velocidade Máxima
1,9 l/100 km
Combinado
5,5 l/100 km
Registado
46 g/km
Emissões CO2
67 500€
Base
84 309€
Ensaiado
Conforto. Qualidade. Consumos.
Equipamento de série. Piso da bagageira elevado.