Mercedes-Benz G580 EQ: ícone elétrico

O Mercedes-Benz Classe G é a epítome de como não há receitas seguras para o sucesso. Começou como um carro de trabalho capaz de superar o mais temível obstáculo e hoje é símbolo de sucesso com a versão AMG a ser a mais vendida apesar da etiqueta de preço de 264 mil euros. Chega a vez do ícone se tornar elétrico com este Mercedes-Benz G580 EQ.

Nascido no final da década de 70 do século passado, o Mercedes Classe G destacava-se pela sua capacidade fora de estrada sendo um automóvel de trabalho. Por outro lado, era o automóvel a ter para quem quisesse andar fora de estrada sem coçar a cabeça perante obstáculos tidos como intransponíveis. Com o tempo, o Classe G ganhou estatuto – até pelo preço proibitivo para a maioria das bolsas – e um par de celebridades e uma ajuda da AMG empurrou o jipe da Mercedes-Benz para o patamar da fama.

Definição de um ícone: Mercedes-Benz G580 EQ!

A atual versão, nascida em 2018, é já um automóvel de luxo e um ícone que se manteve próximo do original porque assim querem os clientes. Até o barulho das portas é o mesmo há dezenas de anos! Mesmo assim, a Mercedes-Benz atualizou o Classe G e a grande diferença está no eixo dianteiro que oferece um comportamento em estrada muito mais capaz que anteriormente.

Entretanto, a Mercedes-Benz introduziu mais algumas mudanças no estilo e esta versão 100% elétrica. Aquela que será, porventura, a mais significativa mudança no Classe G em décadas.

Como é o G580 EQ fora de estrada?

Imediatamente dúvidas assaltaram a mente dos indefectíveis do Classe G: será capaz fora de estrada? Continuará a ser fiável? Manter-se-á um ícone? Posso assegurar que não há razões para alarme… o G580 EQ é um puro Mercedes-Benz Classe G! Se serve as suas necessidades… isso é outra conversa!

Para dar um passo destes, a Mercedes-Benz não fez as coisas pela metade! Num local perfeitamente seguro e protegido (entre os dois eixos) atirou uma bateria de 116 kWh. E pode usar todos, pois, esta é a capacidade útil. E falando de proteção, há uma placa de 26 mm de espessura feita numa liga de alumínio e carbono que promete defender a bateria ao aguentar o peso de… três Classe G! Esta é uma das maiores baterias do mercado e a Mercedes-Benz quis fazer melhor e instalar os acumuladores do EQS. Mas… o chassis convencional de longarinas não tinha espaço.

Há quatro motores – um por roda – e uma caixa de velocidades específica que permite simular redutoras. O maior problema do G 580 EQ reside na aerodinâmica. Este bloco de quase três toneladas manteve o estilo – ai da Mercedes se tocasse na forma do G! – e por isso os consumos ressentem-se.

Consumos são elevados?

Com algum cuidado, os consumos rondam os 24 kWh/100 km, mas dando rédea solta aos 587 cv e, sobretudo, aos 1164 Nm de binário disponíveis, os 40 kWh/100 km são “normais”. Não há milagres com a aerodinâmica e o peso do G580. Por outro lado, o G580 não tem um carregador acima dos 11 kW porque na China e nos EUA esse é o limite dos carregadores “normais”. Para os rápidos, o Mercedes-Benz G580 aceita 200 kW.

Com uma distância ao solo de 25 cm e ângulos de desempenho excelentes (mesmo que a bateria tenha feito descer o ventral de 25 para 20 graus), o G580 EQ anda de forma soberba fora de estrada. Pode escolher entre descer planos inclinados a 2 ou a 8 km/h e deixar que a eletrónica e os quatro motores façam o resto. Não há bloqueios de diferencial, é tudo feito pela eletrónica. E bem feito, diga-se!

G-Turn e G-Steering… diversão assegurada!

Depois temos as funções “G-Steering” e “G-Turn”. O primeiro é uma espécie de travão de mão que permite fazer um meio pião nas curvas mais complicadas num qualquer caminho. Basta carregar no botão e dosear o acelerador que os motores elétricos fazem o resto. Utilizar, apenas, em terra. O “G-Turn” permite que o G580 EQ gire sobre o seu eixo 360 graus. Útil quando nos enganamos num percurso onde não há espaço para dar a volta… aconselhável, também, só usar em casos extremos.

Em alcatrão, o Mercedes-Benz G580 EQ tem acelerações impressionantes e é capaz de enfrentar estradas sinuosas sem grandes hesitações. Menos ágil e capaz que um AMG, ainda assim, divertido mesmo quando os pneus cedem em curva ao peso do carro.

Conclusão

Enfim, um Mercedes Classe G que manteve todos os predicados do modelo idolatrado por muitos e com preço a conduzir. Esta versão do Classe G custa 148 mil euros, mas para ter um igual ao das fotos tem de gastar 177 mil euros. No final do ensaio diria que ter um G580 EQ será, mesmo, para quem abraça a mobilidade elétrica sem prescindir dos ícones, porque por mais 100 mil euros a AMG oferece-nos um V8 com um som delicioso e prestações soberbas. Escolhas…

Ficha Técnica