Mustang Mach-E Premium: puro-sangue elétrico

O Mustang Mach-E Premium é um modelo importante pois marcou a entrada da Ford na mobilidade elétrica. Mas será um automóvel capaz?

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Segmento C
Mustang Mach-E Premium

O Mustang Mach-E Premium foi o primeiro modelo 100% elétrico da Ford e para que todos ficassem atentos ao novo modelo, “escondeu” a oval azul e lembrou que os puro-sangue também podem ser elétricos… E este, com toda a certeza, não nega as suas origens, mesmo que por baixo do capô a história seja bem diferente.

Evidentemente que o Mustang Mach-E não tem nada a ver com o Ford Mustang. Em primeiro lugar porque é um crossover familiar. Em segundo lugar não tem debaixo do capô o melodioso V8 Coyote ou o Ecoboost de 2.5 litros. Finalmente, não existe para ser desportivo. Quer isto dizer, então, que é tudo uma ilusão? Na realidade, não!

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Mustang Mach-E Premium é puro sangue… elétrico

Construído sobre uma plataforma totalmente nova, o Mustang Mach-E tem uma bateria de 98,7 kWh localizada entre os dois eixos. Na versão ensaiada tive direito à versão Premium com motor e tração traseiros a debitar 294 cv. Sim, há um Mustang Mach-E GT com quase 500 cv. Ora bem, o que pode esperar do modelo deste ensaio? Uma velocidade máxima de 180 km/h e uma aceleração 0-100 km/h em cerca de 7 segundos. Para um carro que namora com as duas toneladas, não está nada mau.

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Por outro lado, é um automóvel discreto, particularmente nesta cor preta, com pormenores deliciosos. Mesmo que em determinadas situações sejam menos práticos. Só para ilustrar, não há puxadores das portas. Tudo é feito por botões que abrem e fecham as portas. Há uma bagageira à frente (frunk) com uma centena de litros de espaço que complementam os 402 litros da bagageira “normal”.

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Mustang sem Ford, mas com o ADN da casa da oval azul

Outra coisa que se percebe rapidamente é a ausência da oval azul da Ford. O caminho é, agora, outro, mas nos dias de euforia da mobilidade elétrica a Ford pensou em autonomizar o nome Mustang no sentido de dar aos modelos elétricos uma ligação com a história da marca. Hoje, modelos como o Capri e o Explorer exibem, orgulhosamente, o símbolo da marca criada por Henry Ford.

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Voltando ao interior, destaque para o ecrã que funciona como painel de instrumentos e muitos botões e controlos físicos. Que vêm de modelos como o Fiesta, entretanto descontinuado. E voltei a encontrar uma forma típica de fazer automóveis por parte da Ford. Os materiais não são iguais aos de um Audi, só para ilustrar, mas a montagem está perto da perfeição. Não há ruídos parasitas e onde as mãos tocam há qualidade. Impressionante!

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Qualidade e tecnologia de mãos dadas

Quero destacar, ainda, o comando do ecrã central que, depois de percebido o “modus operandi”, é uma boa ajuda para navegar pelas infindáveis páginas do SYNC da Ford. Mas alguém usou a massa cinzenta e colocou na base do ecrã uma fila de aplicações sempre visíveis e que pode ser personalizada. Por outro lado, sempre que escolher uma delas, ocupa, apenas, a parte superior do ecrã. Ou seja, é possível ver o Waze e a navegação do Mustang a funcionar ao mesmo tempo e com visualização de ambos. Igualmente importante o sistema de som Bang&Olufson que tem muito bom aspeto e tem um som espetacular. Como referi, há muito espaço disponível no banco traseiro e só mesmo a forma do tejadilho na parte traseira do Mustang pode trazer algumas dificuldades no acesso.

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Posição de condução diferenciada

A posição de condução, apesar de estamos num crossover, é mais esticada que sentada e isso é agradável. Os bancos exibem suporte suficiente e tudo está ao alcance das mãos. A forma da carroçaria dificulta um nadinha a visibilidade, mas nada de verdadeiramente preocupante.

Tudo funciona de forma fácil: rodar o manípulo central para D e arrancar. O Mustang dá um pequeno salto e tudo se passa de forma serena e simples. Na condução, a Ford optou por ter pneus com elevado perfil, aproveitando o amortecimento das paredes dos pneus para não colocar amortecedores adaptativos na suspensão.

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Preço condiciona difusão

Sendo uma suspensão convencional de molas e amortecedores, acaba por lidar muito bem com os buracos e os obstáculos. Não é o automóvel mais confortável do mundo, mas não provoca desconforto. Sendo um elétrico e com muito peso, não podemos esperar grandes desempenhos em termos de comportamento. Ainda assim, o Mustang Mach-E controla bem os movimentos da carroçaria e comunica muito bem o que se passa na estrada. O maior problema deste Mustanga Mach-E é mesmo o preço superior a 70 mil euros.

Conclusão

Naturalmente que este modelo com um nome tão reconhecido pode fazer confusão aos mais puristas, mas este ensaio veio confirmar que a herança pode até ser meio enviesada, mas está lá nos genes do Mach-E. É um Ford no que toca ao interior e ao comportamento, mesmo que os compromissos sejam muitos. Ainda assim satisfaz, sendo o maior problema o preço final.

Ficha Técnica

bateria

98,7 kWh

Bateria

22 kW

Max AC

150 kW

Max DC

Cilindrada

430 Nm

Binário Máximo

294 cv

Potência

Cilindrada

7,0 s

0-100 KM/H

180 km/h

Velocidade Máxima

Cilindrada

16,5 kWh/100 km

Combinado

19,8 kWh/100 km

Registado

Cilindrada

70.104€

Base

70.104€

Ensaiado


Thumbs UpQualidade, comportamento, Autonomia

Thumbs DownPreço, alguns materiais