Aproximava-se um fim de semana de outono e nós tínhamos pela frente o ensaio à nova geração do Mercedes-Benz Classe C, mais concretamente ao C 300 d. Para poder constatar todas as mudanças desta nova geração do Classe C face à anterior, havia que percorrer quilómetros… pelo menos os suficientes para chegar a uma conclusão. Depois de estudadas várias hipóteses, porque não a Estrada Nacional 221 para tirar a limpo todas as mais valias deste Mercedes-Benz C 300 d? Confesso-vos que nem pensei duas vezes, estava definido o itinerário para este ensaio!
E deixem-me que vos diga que não podia ter escolhido melhor. Se querem uma estrada para tirar partido da condução de um automóvel como o novo Mercedes-Benz Classe C, acompanhada de uma paisagem incrível, a EN221 é uma excelente opção. Há de tudo, curvas e contra curvas encadeadas, subidas íngremes, descidas acentuadas, diferentes tipos de piso… Enfim! Mas vamos ao que, muito provavelmente, te trouxe até aqui, o novo Mercedes-Benz C 300 d.
Em primeiro lugar convém recordar que a quinta geração do Classe C representa uma grande evolução. Só para exemplificar, todas as motorizações foram eletrificadas, e foi alvo de profundas alterações no interior. Para além disso ainda ganhou um estilo mais desportivo e dinâmico. Comecemos precisamente por aí…
Mudou, mas não muito!
As alterações de estilo no novo Classe C não foram, como era expectável, profundas. Face ao anterior este tem mais 6,5 centímetros de comprimento, um centímetro de largura e a distância entre eixos foi aumentada em 2,5 centímetros. Contudo, o novo Classe C é também um centímetro mais baixo, o que não é propriamente positivo, mas já lá vamos…
No que ao desenho diz respeito, a berlina da Mercedes-Benz mantém-se inconfundível, ainda que na traseira sejam evidentes as semelhanças, ou aproximações, ao topo de gama, o Classe S. Os faróis traseiros são mais esguios, as falsas saídas de escape destacam-se mais e as jantes de liga leve assumem um desenho que visa favorecer a aerodinâmica, mesmo estando presente uma versão com equipamento AMG.
Na frente, ainda que com um capot mais curto, este C 300 d é uma vez mais inconfundível. A frente afunila para baixo e nas extremidades os faróis de LED posicionam-se numa posição mais baixa e são divididos por uma grande grelha redesenhada.
(R)evolução interior!
No interior as coisas são bem diferentes. Mantemos um ecrã digital em frente ao condutor, mas já não existe continuidade para o ecrã do sistema de info-entretenimento. Este abandonou a posição horizontal para passar para a vertical bem ao centro da consola. É a segunda geração do MBUX, o mesmo que encontrámos durante o ensaio ao Mercedes-Benz S 400 d. É um facto que obriga a desviar mais a atenção, mas também é verdade que tudo o que precisamos mesmo está logo ali no ecrã frontal ajudado por um head-up display de boa qualidade.
O volante também é novo e, honestamente? O anterior era mais simples de utilizar. Os botões capacitivos que agora apresenta nem sempre são intuitivos ou funcionam como pretendemos, para além de requererem mais hábito. Ainda assim, é inegável que se tornou bem mais elegante e moderno. Bem moderno é também o sistema que permite, através por exemplo da impressão digital, ativar o perfil de condutor parametrizando tudo aquilo que se pretender. No entanto entendo que, quando a pausa é curta, podia ser assumido o mesmo condutor, sem que houvesse necessidade constante de estar a passar o dedo no leitor como por exemplo ao abastecer.
Tal como se impunha, a qualidade de construção mantém-se!
Depois, e para além disso, encontramos novas saídas de climatização (três centrais por cima do ecrã, e uma em cada extremidade) e mais alguns detalhes que modernizam o interior. O que se mantém é a qualidade de construção e da maior parte dos materiais, relembrando-nos sempre que estamos ao volante de um premium.
Os bancos também oferecem bom apoio e favorecem o conforto que é sempre bem-vindo, principalmente para grandes tiradas como aquela que acabei por fazer. Quanto à ergonomia, apenas uma nota para a plataforma de carregamento de smartphones por indução, muito pouco prática. Tudo o resto é aquilo a que estamos habituados no habitáculo dos modelos da marca da estrela.
Ainda faz sentido o Diesel?
E a resposta é, claro que sim! Neste Mercedes-Benz Classe C o Diesel ainda faz todo o sentido, ainda que aqui tenhamos uma pequena ajuda elétrica. Estamos perante o OM654. Um quatro cilindros Diesel com 2.0 l de capacidade e que aqui nesta versão (300 d) apresenta 265 cv e 550 Nm de binário. E se este tipo de motor já tem provas dadas quanto à sua eficiência, a ajuda elétrica consegue favorecer ainda mais os consumos. Facto que se verifica tanto numa tirada calma, tanto tirando partido de um bom chassis que com a configuração certa convida a uma condução mais emotiva. Aliás, com o binário disponível, facilmente se põe alguma da potência a escapar pelo eixo traseiro. Contudo, e naquilo que é o mais relevante, o conforto nunca é posto em causa.
A caixa de velocidades é a já conhecida 9G-TRONIC e que não merece qualquer crítica, pelo contrário. Cumpre com tudo aquilo que se espera para um modelo deste segmento. A tração é enviada apenas às rodas traseiras, mas como referido temos ainda uma ajuda elétrica. Trata-se de um sistema mild-hybrid de 48 V capaz de fornecer mais 20 cv e 200 Nm extra com a função EQ boost. Por outro lado, e mais importante, é este sistema que permite que o motor a combustão se desligue fazendo o Classe C rolar em “roda livre”. Foi assim que, durante os cerca de 1000 km que fiz neste ensaio, bem mais do que apenas os 184 quilómetros da EN221, consegui percorrer 80 km sem qualquer emissão poluente. Do mesmo modo, o consumo no final do ensaio ficou-se pelos 6 l/100 km, valor que considero bastante interessante para a motorização em questão.
Familiar, executivo, mas bem equipado!
Quanto à habitabilidade, apenas o túnel central demasiado proeminente acaba por prejudicar o espaço nos lugares traseiros. Por outro lado, o facto do Classe C ser demasiadamente baixo, implica que de vez em quando se tenham de ouvir ruídos menos agradáveis, e não é preciso muito para isso. O tal aspeto menos positivo de termos “perdido” mais um centímetro em altura… Já no que diz respeito à insonorização, nota máxima para este Mercedes-Benz Classe C bem como para a posição de condução para qual contribuem bancos com bom apoio.
Ainda que nesta versão com um preço ligeiramente inferior aos 60 mil euros, a experiência a bordo do Classe C da Mercedes-Benz é tão melhor quanto mais equipamento tivermos ao nosso dispor. O já referido head-up display, o sistema de som 3D Surround da Burmester, o Pack premium executive que inclui inúmeros itens como a Iluminação ambiente LED de 64 cores, a bagageira com abertura/fecho automático, a iluminação Digital Light ou a realidade aumentada para a navegação, fazem diferença. Contudo, somam um valor considerável à fatura final.
Seja como for, o Classe C continua como uma das referências no segmento das automóveis premium executivos e familiares. Para além disso, e como seria de esperar, este Mercedes-Benz C 300 d é um excelente companheiro para percorrer não apenas a EN221, mas tantas outras boas estradas do nosso país.
Conclusão
O Classe C continua como referência no segmento das berlinas premium. Mantém-se a qualidade de construção e o conforto, e evoluiu ao nível da dinâmica estando mais interessante de conduzir. A tecnologia também está em bom plano e a eletrificação de que foi alvo faz com o Diesel ainda faça todo o sentido.
Ficha Técnica
1993 cm3
Cilindrada
550 Nm
Binário Máximo
265 cv
Potência
5,7 s
0-100 KM/H
250 km/h
Velocidade Máxima
5,3 l/100 km
Combinado
6,2 l/100 km
Registado
139 g/km
Emissões CO2
59 350€
Base
68 549€
Ensaiado
Qualidade. Conforto. Motor. Consumos.
Altura ao solo. Comandos do volante.