O Peugeot e-2008 entrou em 2021 a conquistar o título de elétrico mais vendido no primeiro mês do ano com 60 unidades vendidas. Para além disso, o SUV 2008 foi também, e a nível geral, o preferido dos portugueses no segmento B-SUV. Depois do nosso contacto com a versão térmica do modelo, agora percorremos cerca de 1000 km ao volante da versão 100% elétrica.
O modelo chegou a Portugal exatamente ao mesmo tempo das restantes versões que lhe servem de base, não sendo assim um modelo pensado de raiz para a propulsão elétrica. Mas será ainda assim tão bom que já foi capaz de arrecadar o primeiro lugar no top de vendas nacionais?
Poucas diferenças…
No exterior poucas notas há a fazer, já que este Peugeot e-2008 é em tudo idêntico à versão a combustão, o que desde logo é um ponto a favor. De uma maneira geral, as linhas dos novos SUV da marca do leão têm agradado. Aqui as diferenças resumem-se ao lettering a azul com o nome do modelo. A tomada de carregamento fica no mesmo local onde as versões a combustão recebem o combustível. Logo, dificilmente se dará conta de que estamos perante um Peugeot 2008 elétrico.
O modelo destaca-se no capítulo do espaço. Com 4,30 metros de comprimento e mais 70 mm de distância entre eixos face ao modelo “não SUV”, o 208, o mais pequeno B-SUV da Peugeot consegue boas quotas de habitabilidade. Para além disso, os 405 litros de capacidade da bagageira também estão ao nível do segmento, ainda que nesta versão se percam 29 litros em função do espaço para as baterias.
No interior, a qualidade de materiais está a bom nível, mas o que faz a diferença é um painel de instrumentos e uma consola que agradam à maioria com o já habitual volante mais pequeno. Em contrapartida, a qualidade de construção deixa à vista um ou outro detalhe que revela pouco rigor. Ainda assim, a insonorização, nomeadamente para esta versão silenciosa do Peugeot 2008 está bem conseguida.
Já o sistema de info-entretenimento, igual aos restantes modelos e versões, tem um ecrã de 10″ e cumpre as suas funções sem ser um exemplo de rapidez e informação apresentada.
Ao volante do 2008 elétrico
Quando arrancamos para a estrada, o destaque vai para a suavidade com que o fazemos, sendo que o silêncio é já ele uma característica deste tipo de proposta. Ao invés de uma entrega de potência mais bruta e imediata, a Peugeot prefere fazê-lo de uma forma mais natural e linear. Nada de mal até aqui, afinal nem todos os elétricos têm de arrancar bocados de asfalto no arranque. Contudo, era bom que isto se traduzisse em valores de consumos, e consequentemente autonomias, mais generosos, o que não acontece.
Para que o Peugeot e-2008 conseguisse atingir os cerca de 320 km de autonomia anunciada com a bateria de 50 kWh (46kWh úteis), era imprescindível conseguirmos fazer médias entre os 14 e os 15 kWh/100 km (14,8 kWh valor anunciado). O valor final que obtivemos numa utilização mista entre estrada e cidade foi de 18,8 kWh/100 km, o que significa uma autonomia de cerca de 250 km.
Isto, mesmo usando o modo Eco e a função B que permite uma maior regeneração. Para além deste existe ainda o modo Normal e o modo Sport. Este último aumenta a sensibilidade do acelerador mas ainda que o e-2008 se revele bem controlado no adornar de carroçaria, não chega a entusiasmar. Os travões também padecem do mal de muitos elétricos. Pouca abordagem no início, o que acaba por resultar numa travagem mais forte no final.
Mas, nem tudo são rosas…
Se na versão a combustão que ensaiamos aqui, poucos defeitos há a apontar ao mais pequeno SUV da Peugeot, depois de alguns dias ao volante deste 2008 elétrico há algumas notas menos positivas. Não existe informação da % de bateria a não ser quando o colocamos a carregar. Depois, quando o colocamos a carregar o carregamento é sempre suspenso de cada vez que nos aproximamos do carro ou abrimos uma porta. Por fim, a informação sobre a velocidade de carregamento é dada em quilómetros por hora, o que não nos parece fazer qualquer sentido, ainda que há primeira vista até possa ser de melhor compreensão para o utilizador. Para além disso, durante os dias do nosso ensaio fizemos ainda questão de utilizar a App “MyPeugeot” para gerir e acompanhar os carregamentos, e que revelou ainda alguns bugs.
Os carregamentos podem ser feitos até a uma velocidade de 100kW em corrente DC e 11kW em corrente AC. Aqui, é obrigatório usar outro tipo de carregador como aquele que nós utilizamos nos nossos ensaios, uma solução da ADN Energy e que bem falta nos faz. Isto porque com o carregador de bordo a velocidade de carregamento fica-se pelos 2,3 kWh, o que representa mais de 21 horas de carregamento
Já se o conseguirmos fazer a 7,4 kW, cerca de sete horas serão suficientes. Por outro lado, num posto de carregamento rápido a 50kW, é fácil fazer as contas… a totalidade da bateria será atingida em cerca de uma hora.
Conclusão
Como B-SUV as qualidades do Peugeot 2008 são sobejamente conhecidas. Espaçoso, confortável, com bons materiais e um nível de tecnologia de acordo com o que o mercado já oferece. Como elétrico, e ainda que ofereça uma condução suave e linear e bons níveis de insonorização, faltam detalhes que no dia-a-dia fazem a diferença, e outros tantos que não foram pensados. Ainda assim tem um valor aceitável e é capaz de cerca de 250 km de autonomia confortavelmente.
Ficha Técnica
260 Nm
Binário Máximo
136 cv
Potência
8,1 s
0-100 KM/H
150 km/h
Velocidade Máxima
32 470€
Base
36 270€
Ensaiado
Espaço. Interior. Condução.
Consumos. Detalhes como elétrico.