Passaram 30 anos desde o lançamento da primeira geração do Renault Clio, e que desde então vendeu mais de 15 milhões de unidades e mantém uma liderança absoluta no nosso país. Mas será que esta nova versão terá todos os trunfos que são necessários para se manter no topo da tabela e na corrida ao Carro do Ano 2020?
Decidimos por à prova o utilitário francês, numa viagem até ao ponto mais alto de Portugal continental, para perceber se tem tudo o que é preciso para se manter como o preferido dos portugueses.
O Renault Clio amadureceu bem nas três décadas de existência desde que foi apresentado ao público. Tal fórmula do sucesso fê-lo manter-se líder de mercado até aos dias de hoje, sendo ainda possível ser avistado sob a forma de qualquer uma das suas gerações nas nossas estradas.
A fórmula do sucesso
A quinta geração do Renault Clio, que no nosso ensaio assenta na motorização a gasolina 1.0 TCe de três cilindros com 100 cv e 160 Nm na nova versão de equipamento R.S. Line, apresenta uma evolução face à geração anterior – mais tecnologia, mais equipamento, novas motorizações e até uma nova plataforma partilhada com o novo Renault Captur.
À primeira vista é bastante percetível a herança visual vinda da geração precedente, sendo esta uma estratégia por parte da Renault em manter a mesma silhueta dado o sucesso de vendas alcançado pela mesma – será esta estratégia suficiente para fazer face aos utilitários rivais na corrida ao “topo da montanha”?
Renault Clio, o regresso do ícone na 5ª geração
A quinta geração do Renault Clio mantem alguns traços do design exterior mas dá um salto qualitativo no interior e na inovação tecnológica.
Na dianteira são visíveis alguns apontamentos que marcam a diferença para o modelo anterior. É o caso dos faróis de tecnologia 100% LED em forma de “C”, semelhantes aos que encontramos noutros modelos da marca (como o Mégane). As linhas do capot são mais encorpadas e o formato da grelha estilo “ninho de abelha” também também sofreu alterações, num conjunto total que lhe dão um aspeto geral mais agressivo e também bem mais apelativo.
Na traseira, encontramos um visual que também nos é familiar face ao modelo anterior, em que os farolins traseiros são agora ligeiramente mais esguios e com efeito tridimensional. Porquê mexer demasiado num formato que tem obtido bons resultados, com elevado número de vendas mesmo no último ano de vida?
Mais tecnológico!
Já no interior é onde se notam as maiores diferenças. O que nos salta logo à vista é o sistema de info-entretenimento de 9,3 polegadas sensível ao toque, colocado ao centro da consola e em posição vertical. De dimensões generosas e com menus de fácil interação, tal como tem sido apresentado nos modelos mais recentes da Renault, é aqui que encontramos a maior parte da informação. Entre muitas outras opções, é possível personalizar as cores interiores e estilo de velocímetro no quadrante digital ou até mesmo consultar as câmaras de auxílio ao estacionamento 360º. Além disso, o acesso ao Apple CarPlay ou Android Auto também estão disponíveis neste sistema, que lhe conferem ainda mais utilidade.
O quadrante é 100% digital e pode ir de 7 a 10 polegadas (opcionais) e nele conseguimos obter algumas informações que nos são úteis aquando da condução. A distância de segurança para o carro da frente, a transposição involuntária da faixa de rodagem, consumo médio e instantâneo, modos de condução, entre outros, são alguns dos exemplos. É ainda possível personalizar o mesmo de acordo com o gosto pessoal de cada um.
Modos de condução para todos os gostos
Através de um teclado estilo “piano” por cima dos comandos da ventilação – também estes digitais -, encontramos ainda o menu que controla os 3 modos de condução disponíveis. O “My Sense”, que acaba por ser o que oferece uma melhor relação entre potência, conforto e consumo, o “Sport”, que como o nome indica deixa o Renault Clio com uma sensação de condução mais desportiva, melhorando a resposta do acelerador e dinâmica de condução, e Eco, que permite consumos mais moderados mas que limita – bastante – a resposta do acelerador e disponibilidade do motor.
E sim, é bastante notório em cada um deles todas essas valências que permitem ao condutor tirar melhor partido do Renault Clio em qualquer situação. É possível mudar entre cada um deles com um simples toque ou até mesmo alterar os parâmetros de cada um destes modos de acordo com cada utilizador.
O ambiente em estrada é bastante agradável, não havendo a presença de muito ruído do exterior, seja do rolamento ou da suspensão, que interfiram com o bem-estar dos ocupantes. A suspensão mostrou-se bastante dinâmica, oferecendo uma boa absorção das irregularidades da estrada e a direção também se mostrou muito direta e precisa, adaptando-se a qualquer circunstância, sendo uma excelente aliada em estradas mais sinuosas e repletas de curvas, como o acesso à Torre da Serra da Estrela ou pelas ruas mais estreitas da vila de Manteigas.
Uma surpresa… ou duas!
Já no campo dos consumos fomos ainda mais surpreendidos. Num percurso total de cerca de 700 km foi-nos possível alcançar valores abaixo dos 5,5 l/100 km, num misto entre auto-estrada, estrada nacional e até mesmo no acesso à Torre da Serra da Estrela (por duas vezes) que mantiveram os valores inalterados até à chegada à capital.
Talvez o único ponto menos positivo de toda esta experiência seja o acesso à bagageira, pois este revelou-se um pouco menos intuitivo e prático do que seria de esperar para um utilitário. O botão de abertura encontra-se na zona da matrícula (entre as luzes desta), num local demasiado baixo. Depois de acionado liberta cerca de 2 cm de abertura do portão traseiro, obrigando a abertura mais acima numa pega que pode ser curta em alguns casos, e que requer um pouco de esforço extra. O processo exige sempre dois momentos, o que destranca o portão, e o que posteriormente o fará subir, pouco prático.
Já em termos de espaço, a bagageira conta com cerca de 391 l de capacidade e nela encontramos algo que hoje em dia começa a deixar de ser uma tradição, que é a utilização de uma roda suplente ao invés do já habitual “kit anti-furo”. Mais uma surpresa agradável!
No final deste ensaio ficamos mais conscientes dos motivos que levam a que o Renault Clio continue a ser a escolha de tantos portugueses, ainda que neste momento tenha muita concorrência à altura.
Conclusão
A quinta geração do Renault Clio trouxe consigo bastantes motivos que demonstram que a marca gaulesa continua com bons argumentos no seu utilitário mais vendido. Divertido de conduzir, económico, dotado de bastante equipamento e com uma boa qualidade de construção, mostra que o facto de ser um finalista ao Carro do Ano de 2020 não é em vão. Agora é esperar para ver se continuará a ser um dos modelos preferidos do segmento B, ajudando a Renault a manter a liderança no mercado.
Ficha Técnica
999 cm3
Cilindrada
160 Nm
Binário Máximo
100 cv
Potência
11,8 s
0-100 KM/H
187 km/h
Velocidade Máxima
5,2 l/100 km
Combinado
5,5 l/100 km
Registado
117 g/km
Emissões CO2
15 700€
Base
22 334€
Ensaiado
Design, equipamento, dinâmica.
Acesso à bagageira. Caixa de apenas cinco relações.