O Toyota Corolla é inegavelmente o carro mais vendido do mundo. Vendeu quase 50 milhões de unidades (acumuladas) desde o início da sua produção, em 1966, foi o primeiro carro a atingir o número recorde de 30 milhões de unidades vendidas (em 2005, entrando assim para o Livro dos Recordes do Guinness), e se todos esses números não chegassem, meio século depois volta a ser o carro mais vendido do mundo, com mais de 1,2 milhões de unidades vendidas apenas (!) em 2019.
Números à parte, é fácil perceber que a Toyota apresenta um conjunto-chave que dita assim um futuro promissor para um modelo com tamanha história. Este novo modelo sucede ao Auris (que deixa assim de estar disponível), para dar lugar a esta nova aposta para o segmento C. O novo Corolla é um dos 7 finalistas do “Car of the Year 2020”, mas também do Essilor Troféu Volante de Cristal 2020.
Concebido e desenvolvido na Europa (mais concretamente no Centro de Design da Toyota, em Zaventem, Bélgica), apresenta-se agora maior, mais seguro e com um design arrojado, culminando num interior de qualidade superior, sendo quase impossível ficar indiferente com um conjunto que tem tudo para dar certo. Ou pelo menos parece…
Um híbrido com um toque de premium
A versão em teste é a Touring Sports “Luxury White“, que além dos pormenores exteriores – como os frisos cromados, dupla saída de escape, grelha em preto e jantes de 18″ – traz consigo, ainda, um interior em pele perfurada de cor branca “acinzentada” (daí o nome do pack). Para além disso, apontamentos em alumínio e mais alguns detalhes bem ao nível de um premium. Diria mesmo que nos fez sentir, por instantes, como que no interior de uma qualquer marca germânica, não fosse o símbolo no centro do volante.
Já uma outra surpresa é a disponibilidade deste motor. Este Toyota Corolla Touring Sports assenta na mais recente motorização híbrida da Toyota, o 2.0 litros de 4 cilindros com 180 cv, e que está apenas disponível nos níveis de equipamento superiores. A evolução face ao 1.8 l é notória, oferecendo uma excelente performance, que se reflete em boas recuperações e num excelente andamento – boa parte graças ao “casamento” com o motor elétrico, que lhe permitem uma aceleração de apenas 8,1 s dos 0-100 km/h, até uma velocidade máxima de 180 km/h.
Além disso, as passagens entre o modo elétrico e combustão são feitas de forma quase impercetível, dado o acoplamento do motor 2.0 l a uma transmissão variável contínua, que tornam o interior do Toyota Corolla menos ruidoso face à versão 1.8 l – mas que em modo Sport ou em acelerações mais vigorosas se torna notório a sua presença e disponibilidade – mas tudo sem incomodar.
Em termos de suspensão, na dianteira contamos com uma estrutura MacPherson e na traseira duplo “wishbone“, e que graças ao rebaixamento da posição do motor e a localização da bateria sob o banco traseiro, conferem ao Toyota Corolla um baixo centro de gravidade, tornando-o assim mais ágil e dinâmico em estrada, com uma direção bastante precisa e direta.
Toyota Corolla. O regresso do ícone!
O Toyota Corolla chegou ao mercado na sua 12ªgeração, totalmente renovado e em três carroçarias distintas. É o regresso do ícone que marcou muitas gerações.
Tecnologia e equipamento
Ao nível de equipamento, o Toyota Corolla apresenta um leque bastante completo e acurado com o restante mercado. O quadrante é 100% digital, com apontamentos 3D, e é aqui que alguns sistemas ganham forma, destacando o cruise-control adaptativo, luzes de máximos automáticos, assistente ativo de manutenção na faixa de rodagem, alerta de ângulo morto e estacionamento automático.
Ao centro do tablier encontramos um sistema de info-entretenimento tátil de 8″, onde encontramos toda a informação do carro. No entanto, a interface aparenta ser algo datada, e não faz jus à restante imagem do Corolla – o mesmo se pode dizer à qualidade da câmara de marcha-atrás, que está ainda uns furos abaixo da concorrência. Nesse aspeto, achamos que é apenas o único ponto que destoa do resto do conjunto.
Na unidade ensaiada, matriculada de 2019, não estava disponível o acesso a Apple CarPlay ou Android Auto, mas a partir de 2020 todos os Corolla já deverão vir equipados com esse sistema. Ainda assim, nada disso nos faria recuar ou mudar de opinião face aos restantes pontos (muito) positivos que a Toyota investiu no Corolla.
É possível encontrar ainda alguns outros pormenores que hoje em dia fazem a diferença, como o sistema de carregamento por indução, colocado próximo ao seletor das mudanças, ou até mesmo o sistema keyless, que facilita em muito a entrada e saída do automóvel.
Espaço a bordo
O espaço a bordo é, provavelmente, um outro ponto forte do Toyota Corolla. Na frente, o tablier com acabamento em pele envolve bem o condutor e o passageiro, onde os bancos estilo “baquet” são aquecidos e o acabamento dá um toque extra de conforto e qualidade. Atrás, os bancos são também confortáveis e o espaço é bastante amplo, oferecendo um excelente conforto para uma viagem mais longa.
Esta versão está ainda equipada com um teto panorâmico de cortina elétrica que, quando aberto, permite a entrada de luz, que ilumina ainda mais o interior claro do Toyota Corolla – e que lhe assenta tão bem, especialmente em dias de sol.
A bagageira é elétrica e pode ser acionada de dentro ou fora do carro, no entanto a abertura revela-se um pouco lenta, comparativamente não só à concorrência, como mesmo ao método mecânico. Ainda assim é algo que se torna prático com o uso frequente. Conta com 581 litros de capacidade (até à chapeleira) e por baixo do alçapão encontramos um segundo volume onde facilmente caberia um pneu suplente, no entanto é um kit anti-furo que ocupa esse espaço.
É verde, no consumo
O comportamento em estrada (e auto-estrada) é exímio, com o motor 2.0 l a mostrar todas as suas valências. No entanto, quando o pé direito tende a ser “mais pesado”, o consumo sobre para perto dos 7,0 l/100 km, que ainda assim não parecem muito elevados, tendo em conta a sua cilindrada.
O motor elétrico dá ainda uma ajuda nas recuperações e manutenção da velocidade, enquanto aproveita para recarregar parte da energia gerada pelo rolamento em estrada nas descidas e desaceleração. Através de um grafismo no sistema de info-entretenimento podemos ver o estado da bateria e carregamento da mesma. Tudo isto se torna um hábito e acaba por nos fazer tentar gerar o máximo de carga, para ajudar depois nas subidas ou mesmo ser possível a utilização em modo “EV”, que permite uma utilização 100% elétrica enquanto houver carga.
Toyota Camry – O porta-estandarte japonês!
O Toyota Camry é a resposta do construtor japonês às berlinas alemães. Não pretende fazer-lhes frente, mas sim oferecer um automóvel com outros predicados.
Ainda assim, é naturalmente em cidade que o Toyota acaba por fazer os melhores consumos, quando tirando o melhor partido da bateria elétrica conjuntamente com o motor térmico, conseguindo valores a rondar os 4,0 l/100 km.
No nosso ensaio os valores fixaram-se nos 5,6 l/100 km, sendo valores perfeitamente realistas para um uso mais descontraído e despreocupado.
Conclusão
O novo Toyota Corolla apresenta valências suficientes para enfrentar a concorrência, trazendo um novo design e um interior de elevada qualidade, onde apenas o sistema de info-entretenimento deixa um pouco a desejar por estar ligeiramente atrás da concorrência. Com uma enorme experiência ao nível de motorizações híbridas, esta é uma ótima aposta num mercado cada vez mais recheado de opções.
Ficha Técnica
1987 cm3
Cilindrada
190 Nm
Binário Máximo
180 cv
Potência
8,1 s
0-100 KM/H
180 km/h
Velocidade Máxima
5,3 l/100 km
Combinado
5,6 l/100 km
Registado
121 g/km
Emissões CO2
34 065€
Base
41 460€
Ensaiado
Imagem. Conforto. Equipamento.
Preço. Sistema de info-entretenimento.