Toyota Supra 2.0 – Ei-lo, o filho bastardo que é o REI do DRIFT!

O Toyota Supra recebe agora o motor 2 litros de 4 cilindros. Com menos 82 cv será que faz sentido face ao poderoso 6 cilindros? Não só faz como é melhor ainda…

Toyota
Desportivo
Toyota Supra 2.0 Fuji Speedway Edition

Sobre o Toyota Supra já muito se escreveu aquando do seu regresso em 2019. Ao passo que a imaginação dos entusiastas ficará sempre marcada pela 4ª geração, pelo seu motor 2JZ e seu gigante potencial de alteração, o Supra A90 é um desportivo mais alinhado com os tempos da atualidade. Assim, o Toyota Supra é elaborado em parceria com o BMW Z4 e fabricado na Áustria, na fábrica de Graz.

Este mantém três características fundamentais para os engenheiros da Toyota, a saber: motor à frente, tração atrás e uma boa distribuição de pesos. Em conjunto com o aspeto agressivo e desafiador, digam lá se “não está mesmo a pedi-las”?

Deste modo, os técnicos da Gazoo Racing privilegiaram um Supra de dimensões compactas e com uma relação entre a distância entre eixos e a largura que garantisse agilidade sem prejuízo da estabilidade. Ademais foram feitos ajustes específicos na suspensão e no diferencial autoblocante face ao BMW.

Embora o motor de seis cilindros com 340 cv tenha sido o escolhido para o lançamento, até por razões históricas, pouco mais de um ano decorrido a Toyota lança uma versão mais modesta. Conta com um bloco de quatro cilindros, com 2 litros de cilindrada e 258 cv. Não só suficiente, como até mais interessante…

Toyota Supra Fuji Speedway 250

O “S” da sigla Supra tem inspiração numa das curvas do circuito de Nürburgring. O nome Supra chegou à Toyota em 1978 quando esta pegou no Celica e “encaixou-lhe” um motor de seis cilindros em linha na geração então designada de A40/A50. A geração A90, foi o primeiro modelo global da Gazoo Razing, e vendeu 1150 unidades em 2019. Pelo meio conhecemos as míticas gerações A60 em 1981/82, A70 em 1986/87, e A80 em 1993.

Fuji Speedway é edição limitada a 200 unidades

A fim de fazer o chamariz desta nova motorização, a Toyota criou a edição Fuji Speedway, limitada a 200 unidades na europa. Foi precisamente essa que tivemos oportunidade de ensaiar e que nos deliciou durante uma semana… De referir que o nome deste edição se trata de uma pequena homenagem ao circuito japonês com cerca de 4,5 km, localizado nas imediações da cidade de Shizuoka, e que regressou à Fórmula 1 no ano de 2007, substituindo o circuito de Suzuka.

Ao passo que o exterior combina a cor branca com as jantes preto mate e os espelhos vermelhos, o interior inclui bancos em Alcântara com destaques vermelhos e os frisos de carbono. É aqui que se encontra a designação Fuji Speedway, recordando o circuito onde gostaríamos de ter conduzido este Toyota Supra. Similarmente também o volante apresenta-se em tons de preto e vermelho.

O som JBL, o Head-up display, o carregador para o smartphone e os bancos elétricos não estão disponíveis nesta versão limitada, mas não notámos falta. Todavia sentimos a ausência das ligações Apple Carplay e Android Auto.

Sentados no chão

Entretanto, no habitáculo, e excetuando a combinação de cores, não há diferenças face aos restantes Supra. A posição de condução é baixa e permite múltiplos ajustes. A alcântara dos bancos suporta bem o corpo em curvas mais pronunciadas e vamos sentados quase em cima do eixo traseiro, com o longo capot diante dos nossos olhos. Contudo os espaços de arrumação são poucos, pequenos e é recorrente ver objetos “a voar” em rotundas ou curvas mais apertadas. Vamos assumir que o problema é nosso, ou do nosso pé direito…

Ademais a visibilidade traseira também não é famosa mas… “para a frente é que é caminho!”. Ainda que este Toyota Supra goste mais de ser levado de lado, do que em frente. Se é que nos fazemos entender…

Menos alma nas curvas?

Se é incontornável a perda de dois cilindros face à versão 3.0 l, a crueza dos números mostra-nos que nem tudo são contras. Com menos 100 kg de peso a incidir na dianteira, para um peso total de 1395 kg, e com um motor em posição bastante recuada face ao eixo dianteiro, o Toyota Supra 2.0 tem uma distribuição de peso 50:50 sobre os eixos.

Assim, esta redução de peso é co-responsável pela boa agilidade que o Toyota Supra 2.0 demonstra. Com o modo Sport selecionado, que intervém na calibração do acelerador, autoblocante, suspensão e caixa de velocidades temos os ingredientes para explorar aquilo que este Supra tem para dar. O som do motor ganha mais volume com a ocasional detonação de escape, sendo que este é também injetado nas colunas. Os japoneses sempre preferiram eficácia em prole do som de escape… O Honda Civic Type R é outro bom exemplo disso mesmo.

Em estradas de montanha temos um comportamento estável e divertido, a entrada em curva faz-se com facilidade e a caixa automática ZF de oito relações com patilhas de comando manual tem bom desempenho. Gostávamos, no entanto, que a direção transmitisse mais informação. Este é um dos pontos de melhoria. Ainda assim, não nos retira a diversão ao volante deste japonês.

O motor tem uma disponibilidade e entrega que sugere uma potência superior à anunciada

O motor 2.0 l debita 258 cv e tem 400 Nm de binário, o que é mais do que suficiente para dar conta do recado. A Toyota aponta 5,4 segundos até aos 100 km/h e 250 km/h de velocidade máxima. Mas mais do que estes números, é a facilidade com que nos divertimos ao volante deste Supra. Não só é mais fácil dosear a potência debaixo do pé direito, como o controlo do chassis está muito mais ao alcance do comum… piloto de fim de semana!

Bem adaptado ao chassis do Toyota Supra, o 2.0 l é assim “motor que chegue” e oferece mais controlo e progressividade numa condução ao ataque. A suspensão controla bem os movimentos da carroçaria e afasta quaisquer vestígios de instabilidade mesmo quando os pisos perdem qualidade, ou aderência.

Rei do Drift!

Aliás, a natureza divertida deste Supra fica patente na facilidade com que se fazem “acrobacias” pois o binário do motor e o autoblocante traseiro, que varia a repartição do binário até 100% deixam fazer muitos e bons slides….género “Rei do Drift”, bem alinhado com a decoração desta edição Fuji Speedway. Olhamos para ele e pensamos em… “DRIFT!” É impossível não fazer esta associação direta.

Nestes andamentos os consumos do Toyota Supra 2.0 l atingem facilmente os 13 l/100km, mas importa referir a boa relação performance/consumo deste motor. Surpreendentemente, e depois desta animação toda, em ritmos mais calmos é possível ver o computador de bordo marcar 7 l/100 km. Nessa altura a caixa automática é muito suave e o acelerador fácil de dosear na cidade. Prático? Longe disso… mas permite uma condução suave quando o propósito é outro, ou quando o lugar do lado vai ocupado…

Com uma dotação de equipamento de série extensa que comporta, entre outros, navegação, faróis LED, câmara traseira, suspensão eletrónica e autoblocante. Também o acesso sem chave e o cruise control estão incluídos. A Fuji Speedway Edition inclui ainda as bonitas jantes de 19″ equipadas com pneus Michelin Super Sport, bem como os travões Brembo de pinças vermelhas.

Diferença de preço é relevante

O Toyota supra 2.0 Fuji Speedway Edition está disponível no mercado nacional por 66 000 €, 15 000€ abaixo da versão 3.0 de seis cilindros. Vale a pena fazer as contas! Até porque com este “rei do Drift” a diversão está igualmente garantida. Esta unidade em particular está à venda na Caetano Auto – Lisboa por 60 000€.

Enfim, um bom desportivo, como a Toyota nos tem habituado ao longo dos tempos, apesar deste ficar para a história como o “filho bastardo” da Toyota.

Conclusão

Com a chegada do motor 2.0 de quatro cilindros o Toyota Supra ganha uma nova versão de acesso por menos 15 000 euros. Na prática as suas virtudes mantém-se. A redução de peso e os 258 cv fazem do Supra um bom desportivo pois o que perde em "poder de fogo" ganha em progressividade e controlo. A diversão é garantida e a edição Fuji Speedway oferece um visual distinto. Less is more! Para nós, o "rei do Drift!"

Ficha Técnica

Cilindrada

1998 cm3

Cilindrada

400 Nm

Binário Máximo

258 cv

Potência

Cilindrada

5,2 s

0-100 KM/H

250 km/h

Velocidade Máxima

Cilindrada

7,5 l/100 km

Combinado

10 l/100 km

Registado

170 g/km

Emissões CO2

Cilindrada

66 000€

Base

66 000€

Ensaiado


Thumbs UpComportamento, Diversão, Consumos.

Thumbs DownFeeling Direção.