Com uma grande experiência na criação de SUVs citadinos que vem do primeiro RAV4, a Toyota entra agora no muito competitivo segmento B-SUV, um dos mais concorridos na Europa. Para conquistar esse mercado, a Toyota pegou no seu citadino de sucesso e aplicou-lhe algumas alterações para então “dar à luz” este Yaris Cross. Por outro lado, com esta nova peça, a juntar-se ao C-HR, ao RAV4 e ao Highlander, a Toyota fica presente em todos os segmentos SUV.
Exterior diferente, interior nem tanto
Utilizando como base o mais recente Yaris e a plataforma GA-B, o construtor japonês desenhou uma carroçaria distinta do Yaris. Aliás, esta apresenta mais 95 milímetros de altura e mais 240 milímetros de comprimento. As cavas das rodas avantajadas reforçam o seu visual SUV, bem como as aplicações em plástico preto. Dependendo da configuração, o Yaris Cross poderá passar despercebido, ou então nem tanto…
Por outro lado, o interior é em tudo familiar ao que conhecemos do modelo que lhe serviu de base. Encontramos menos espaço atrás do que gostaríamos, e um ângulo de abertura das portas traseiras demasiado limitado. Este não facilita entradas e saídas de passageiros ou, por exemplo, a colocação de cadeiras de criança.
No entanto, na dianteira é fácil encontrar uma posição de condução correta, sendo esta significativamente mais alta. A ergonomia dos comandos é boa, nomeadamente os da climatização que mantém botões físicos. A bagageira conta com 397 litros de capacidade, bem como um fundo falso. Ainda no interior encontramos sobretudo materiais duros, especialmente nas portas. Contudo a montagem é correta, dada a ausência de ruídos parasitas, revelando solidez. Tal é ajudado pela significativa maior rigidez da plataforma GA-B.
Conduzimos o novo Toyota Yaris e… GOSTÁMOS MUITO!
Ao volante do novo Toyota Yaris descobrimos um automóvel completamente novo, onde a dinâmica passou a ser um dos seus pontos fortes.
Motorização híbrida faz (mesmo) a diferença no Yaris Cross
O Toyota Yaris Cross em ensaio estava equipado com a motorização híbrida 1.5l, a mesma que o Nuno ensaiou no Yaris “normal”. Esta solução combina um motor três cilindros a gasolina com um motor elétrico e uma bateria de lítio. A potência total combinada atinge os 116 cv. A gestão do sistema está a cargo do habitual trem epicicloidal (tipo CVT). Como é recorrente, este sistema é mais propenso ao ruído em acelerações fortes, ao passo que na cidade compensa com maior suavidade de funcionamento.
A Toyota trabalhou bastante no sistema híbrido face à anterior geração do Yaris, substituindo a bateria por uma maior, e aumentando o tempo em que o motor elétrico propulsiona o Yaris. Assim, as prestações estão em linha com a potência anunciada, com os 0-100 km/h a cumprirem-se em 11,2 segundos. Todavia, o grande beneficiado foram os consumos.
Ágil, e (muito) poupado!
Se tivéssemos que eleger “o mais económico do segmento B-SUV”, já não teríamos quaisquer dúvidas. Mesmo sem usar o modo ECO, a naturalidade com que se fazem quilómetros com o computador de bordo a marcar valores em redor dos 4 l/100km é desconcertante, ao passo que nos limites legais em autoestrada registamos valores em torno dos 5,5 l/100 km. No final do nosso teste, e com uma utilização maioritariamente em cidade, a média alcançada foi de 4,2 l/100 km, o que só se pode considerar muito positivo.
Surpreendentemente é possível até selecionar o modo EV, forçando o andamento em modo 100% elétrico, desde que a velocidade seja reduzida e a carga da bateria o permita. Tal não será possível durante muito tempo porque contamos com uma bateria de apenas 1,2 kWh. Independentemente disso, em cidade é muito frequente darmos por nós a circular sem qualquer intervenção do motor a combustão, justificando assim os reduzidos consumos.
Na cidade, onde se sente completamente à vontade, o Toyota Yaris Cross é um automóvel fácil de conduzir. A condução da caixa tipo CVT ajuda à suavidade, e só se faz sentir em regimes mais altos. A direção é precisa, e ajudada pelo volante de pega correta. Em estradas mais encadeadas o Yaris Cross não compromete, e a aderência em curva é ajudada pelos pneus montados em jantes de 17″. Ainda que mais alto, com 160 mm de altura ao solo, o Yaris Cross é neutro nas reações e consegue até entusiasmar com um bom chassis. No entanto, em zonas de piso mais deformado existe algum saltitar da traseira que penaliza o conforto. Do mesmo modo, a insonorização também não é a melhor do segmento.
Novo info-entretenimento
Nesta versão Square Collection, o Yaris Cross conta com uma dotação de equipamento de série bastante completa, embora não seja a versão mais equipada. Estão presentes itens como a iluminação LED, a câmara traseira, o sistema de manutenção na faixa, o acesso sem chave e o cruise control adaptativo. Também de série encontramos a mais recente versão do info-entretenimento da Toyota, que apresenta um interface gráfico renovado, bem como ligações Apple Carplay e Android Auto, sem fios. Nesse sentido, o ecrã passou a ter 9″ e a navegação entre os vários menus está mais rápida. Uma boa evolução da parte da Toyota.
No final deste ensaio ficamos com uma certeza. O Toyota Yaris Cross é muito mais do que apenas um Yaris convencional mais alto. E ainda bem que assim o é. Oferece mais espaço na bagageira, uma posição de condução mais alta, uma maior versatilidade dada a elevada distância ao solo, e tudo isto sem comprometer a economia e a dinâmica.
Com um preço de 29 240€, o Toyota Yaris Cross Square Collection apresenta-se em linha com o que se pratica no segmento e com o habitual diferencial de preço para os utilitários que lhe servem de base.
Conclusão
Num segmento hiperativo e concorrencial o Toyota Yaris Cross tem na suavidade de utilização e na economia dois fortes atributos, o que vem provar que esta versão híbrida é a que melhor se adequa ao Yaris. Bem equipado, peca apenas pela acessibilidade aos lugares traseiros não ser melhor. Assim, a Toyota tem aqui um produto coeso e capaz de dar boa resposta no segmento B-SUV, conquistando clientes para a marca japonesa.
Ficha Técnica
1490 cm3
Cilindrada
120 Nm
Binário Máximo
116 cv
Potência
11,2 s
0-100 KM/H
180 km/h
Velocidade Máxima
4,5 l/100 km
Combinado
4,2 l/100 km
Registado
102 g/km
Emissões CO2
24 795€
Base
29 240€
Ensaiado
Consumos, equipamento. Agilidade.
Acessibilidade traseira. Insonorização.