Recentemente eleito o “Carro de Empresa até 27 500 euros” na última edição dos prémios Fleet Magazine, o Volkswagen Golf GTE reúne argumentos inegáveis que o tornam numa das melhores propostas híbridas plug-in do segmento. Este foi o nosso contacto com o pseudo desportivo da marca que recorre a uma ajuda elétrica não só para um boost de potência como também para consumos muito comedidos.
Com algumas renovações estéticas bem como tecnológicas face ao seu antecessor, o novo VW Golf GTE é mais baixo, mais comprido e tem uma maior distância entre eixos. Está agora assente na plataforma MQB Evo. O motor a combustão é o mesmo da primeira geração do GTE, ou seja, o 1.4 l TSI com uma caixa automática de dupla embraiagem com seis relações. Contudo, a unidade elétrica é nova, bem como a bateria que a apoia que passou dos 8 kWh para uns mais modestos 13 kWh. O resultado são 245 cv e 400 Nm de binário. No entanto, e feitas as contas, motor, bateria e demais componentes este pesa mais 160 kg face a um VW Golf GTI.
Qualidade e bom gosto no interior
Com linhas modernas e bem conseguidas, o Volkswagen Golf GTE é em quase tudo igual a um outro Golf. Aliás, as parecenças até são maiores se o colocarmos lado a lado com o mais desportivo GTI. A assinatura LED une os dois faróis e não falta a iluminação em xadrez na parte inferior do para-choques. A sigla GTE em vez de GTI, altera a cor de pequenos detalhes de vermelho para azul, tal como aliás acontece com a própria legenda GTE.
O habitáculo é bem construído com bancos confortáveis e com bom apoio. O padrão axadrezado assume aqui uma cor em tons de azul, ao contrário do que acontece com o GTI tipicamente em vermelho. Os materiais agradam, embora a moldura dos dois ecrãs em preto piano não resulte da melhor forma. O sistema de carregamento sem fios é bastante prático e permite a colocação de outros objetos por cima. Uma solução que revela um bom aproveitamento do espaço. Já o que parece ter ficado esquecido foram os comandos da temperatura da climatização e volume multimédia que não oferecem qualquer tipo de iluminação. Desta forma sentimos falta dos simples, mas práticos comandos físicos. Destaque, contudo, para os atalhos da climatização, modos de condução, assistentes de condução e funções para parqueamento.
Apesar de ter aderido à digitalização, o VW Golf continua a manter um painel de instrumentos “normal” com toda a informação! Graças a Deus!
Ao contrário do que acontece na gama 100% elétrica, como é o caso do ID.3 e ID.4, aqui contamos com o habitual cockpit digital que permite várias configurações e que é automaticamente ajustado em função do modo de condução. São quatro modos disponíveis, Eco, comfort, sport e individual. Para além destes, existem duas opções do sistema híbrido. Uma que gere de forma automática a parte híbrida, e outra que força a utilização 100% elétrica enquanto houver bateria. No entanto, não é possível utilizar o motor a combustão para repor carga na bateria. É possível sim reservar a carga disponível nas baterias para uma utilização posterior, seja para aquele arranque “a dar tudo”, seja para conseguir circular com zero emissões onde for mais conveniente, como na cidade por exemplo.
Nos lugares traseiros existe climatização independente e fichas USB-C, no entanto, o túnel central demasiado proeminente prejudica a habitabilidade de um quinto passageiro. A altura é correta mesmo para adultos. Já no que diz respeito a espaço de bagageira, este é prejudicado pela colocação das baterias, restando 272 litros.
É fácil alcançar mais de 50 km em modo 100% elétrico, o que se deve ao aumento da bateria. Durante o nosso ensaio conseguimos alcançar 61 km, embora a marca anuncie cerca de 64 km. No total percorremos cerca de 800 km com uma média de 3,5 l/100 km tendo feito cinco cargas completas da bateria. Numa utilização no dia a dia, e utilizando os vários modos, são possíveis consumos de cerca de 2 l/100 km. Vantagens dos híbridos plug-in como é o caso deste Volkswagen Golf GTE.
Bateria & Carregamento
O Volkswagen Golf GTE tem uma bateria de 13 kWh com a qual é capaz de percorrer cerca de 60 km em modo 100% elétrico. Numa tomada convencional a 2,3 kW são necessárias cerca de cinco horas para carregar a totalidade. Já carregando a 3,7 kW, a velocidade máxima possível, em pouco mais de três horas e meia recuperamos os 100% de carga na bateria.
GTE desportivo? Q.B.!
Apesar de ostentar a mesma potência do irmão GTI e até alguns valores de performance idênticos, o GTE não é um verdadeiro desportivo, mas antes um familiar eficaz. Entusiasmante de conduzir quando assim se pretende, económico e relaxado quando assim se impõe. Com consumos invejáveis consegue quase o melhor de dois mundos. O bom chassis é ajudado pelos pneus Bridgestone Potenza S001 e ainda que as suspensões privilegiem o conforto, também não comprometem em curva.
Volkswagen Golf GTI. Foi o pioneiro, mas será ainda um BOM DESPORTIVO?
Com um arsenal de tecnologia ao seu dispor fomos ensaiar a versão GTI da última geração do Volkswagen Golf. Um verdadeiro desportivo?
Aliás, este Golf GTE curva depressa e com uma estabilidade e aderência notáveis. A caixa automática DSG de seis velocidades também consegue uma boa relação entre o conforto numa utilização calma, e a eficácia numa utilização mais dinâmica. Já o som do motor poderia estar mais bem conseguido já que em modo Sport é demasiado sintetizado, ou seja, enviado para o habitáculo pelas colunas de som.
Seja como for, acreditem que o modo Sport também não é o melhor modo para conduzir este Volkswagen Golf GTE. Isto porque a direção fica excessivamente pesada, a caixa DSG ganha vida própria, e a travagem é a de um híbrido que tem de recuperar energia com esta. O ideal é mesmo parametrizar o modo “Individual” que permite escolher várias opções, entre elas mais de 10 níveis de amortecimento para a suspensão, item de série nesta versão GTE+, e utilizar a caixa em modo manual. É preciso contudo não esquecer que, o peso adicional da componente elétrica está sempre presente na hora de contrabalançar entre curvas…
Conclusão
O Volkswagen é um automóvel que certamente preencherá todos os requisitos de muitos de nós que precisam de um automóvel familiar para o dia a dia mas que gostam de conduzir e não pretendem passar a vida na bomba de gasolina. Para quem tem possibilidade de fazer, pelo menos, uma carga diária, a relação performance / consumos é praticamente imbatível no que a carros a combustão diz respeito.
Ficha Técnica
1395 cm3
Cilindrada
400 Nm
Binário Máximo
245 cv
Potência
6,7 s
0-100 KM/H
225 km/h
Velocidade Máxima
1,7 l/100 km
Combinado
3,5 l/100 km
Registado
25 g/km
Emissões CO2
43 082€
Base
45 479€
Ensaiado
Qualidade geral. Consumos. Performance. Bancos.
Menus do sistema info-entretenimento. Comandos climatização. Espaço bagageira.