Longe vão os tempos em que um grupo de engenheiros da Volkswagen colocaram um motor mais potente no familiar Golf, criando a sigla GTI. Não só fizeram nascer um novo modelo, como também a ideia de usar como base um carro familiar para fazer uma versão desportiva. Atualmente temos inúmeras propostas no sub-segmento ao qual chamamos hot-hatch, para todos os preços e níveis de agressividade. Do Hyundai i30 N, passando pelos Ford Focus ST e Honda Civic Type R até ao muito radical Renault Megane RS Trophy-R.
Tal como acontece com este último, o Renault Mégane RS, por vezes existem diferentes níveis de potência, que normalmente são acompanhados de determinados “upgrades” nos chassis, sistemas de travagem e suspensões, entre outros… É também o caso do Volkswagen Golf GTI. E, neste caso, estamos perante a versão mais modesta, com 245 cv. Não é o Golf GTI mais “hardcore” que podes comprar, mas é sem dúvida o mais acessível e, muito provavelmente, o mais utilizável como “daily car”. Este está na base da “escada de performance” que a Volkswagen disponibiliza nesta oitava geração.
Deste modo, depois deste Golf GTI, temos o GTI ClubSport com 300 cv (+54), autoblocante mecânico e uma suspensão mais focada com molas e amortecedores específicos, bem como camber negativo na dianteira. No topo da performance temos o Volkswagen Golf R, do qual já aqui falamos, e que oferece 320 cv, tração integral e vetorização de binário. Atualmente o auge dos Volkswagen Golf desportivos. Mas regressemos a este Golf GTI…
Visual discreto
Com um visual discreto, de onde destacamos os faróis de nevoeiro integrados no para-choques dianteiro em forma de xadrez, bem como o clássico friso vermelho que percorre os faróis e a grelha, o Golf GTI inclui também saias laterais mais pronunciadas e duas saídas de escape no para-choques traseiro. O conjunto com as jantes de liga leve de 19 polegadas resulta num visual desportivo mas discreto, nada exagerado.
No interior temos uns ótimos bancos desportivos, confortáveis e com excelente apoio. Estes estão forrados com o tradicional padrão xadrez que acompanha os modelos GTI desde a sua génese. É de tal forma característico, que a Heel Tread, empresa portuguesa que se dedicou à produção de meias (e outros itens) com desenhos e cores alusivos essencialmente ao desporto automóvel, tem no seu portfólio um modelo do Golf GTI. É precisamente esse que podes ganhar no nosso Giveaway. Juntámo-nos à Heel Tread para te dar a oportunidade de receberes em casa um par de meias com o padrão exclusivo dos bancos do Golf GTI. Para além de ser um dos melhores presentes para qualquer “petrolhead”, vai te destacar como fã deste “hot-hatch” que já vai na sua 8ª geração. Para já, subscreve a nossa Newsletter:
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Regressando ao assunto que te trouxe até aqui, o Volkswagen Golf GTI. Em opção existem bancos em pele, mas o interior perde algum encanto. Também o volante com boa pega e fundo cortado é específico desta versão. O Golf GTI continua a ser um familiar competente. Agora exclusivamente disponível com cinco portas os ocupantes têm espaço suficiente e a bagageira oferece 374 litros de capacidade. Como disse, um bom “daily driver“. Nos lugares traseiros não faltam ligações do tipo USB-C e comandos para a climatização.
Interior acolhedor e digital
O habitáculo foi fortemente digitalizado nesta oitava geração Golf e o GTI partilha os dois ecrâs com 10″ e 10,25″ para o cockpit e para o info-entretenimento, respetivamente. Por entre as várias configurações possíveis no “Virtual cockpit”, temos um desenho próprio para os manómetros com o conta-rotações ao centro acompanhado do logo “GTI”. A maior parte dos botões físicos foi substituída por menus, com resultados nem sempre positivos, apesar das teclas de atalho para os modos de condução e climatização.
O sistema de info-entretenimento tem Apple Carplay sem fios e Android Auto, mas é claramente passível de melhoria na sua rapidez de resposta bem como nos vários freezes que se verificam. Até o comando para desligar o ESP (ou para o modo intermédio ESP Sport) está escondido num labirinto de menus.
Ainda no centro do painel de bordo encontramos comandos para a temperatura e volume do som deslizantes, mas sem iluminação. Também os comandos no volante são novos, de tipo capacitivo, com um manuseamento complicado e pouco ergonómico, a rever. A qualidade de construção encontra-se em bom nível contudo os materiais são predominantemente duros nas portas e a qualidade decresce na traseira.
Ser Golf…
Todavia, e depois da teoria, foco então na prática deste Golf GTI que testamos. Como todos os hot-hatches deve ser sujeito a uma utilização diária, que é no fundo, ser um Golf. E nesse capitulo só temos coisas boas a relatar.
A condução é fácil não só pelas dimensões contidas mas também pelo bom feedback dos comandos. Em modo “Comfort” a direção é precisa sem ser pesada e a suspensão adaptativa DCC, um opcional obrigatório, faz um excelente trabalho nos maus pisos, garantindo bom conforto mesmo com as opcionais jantes de 19″. A caixa de velocidades DSG com sete relações tem uma programação lenta na reposta ao acelerador e revela algumas indecisões. Todavia, usar o modo S ajuda bastante a reduzir o tempo de resposta e a “acordar” a caixa. Desse modo o som do motor 2.0 l TSI com 245 cv e 370 Nm de binário foi bem trabalhado e ouve-se no interior sem se tornar cansativo. Um GTI muito competente para utilização diária e até familiar.
Neste tipo de utilização, e com a ajuda do modo coasting da caixa de velocidades, é possível fazer consumos entre os 7,5 e os 8 l/100 km. Em contrapartida, no total do teste fechamos a média com 10 l/100 km o que se considera normal face à performance disponível, e à vontade que nos dá de pisar o pé direito…
… e ser GTI!
Com menos 15 mm de altura ao solo face à restante gama, o Volkswagen Golf GTI recebe um sub chassis dianteiro mais rígido em alumínio e molas mais duras 5% na dianteira e 15% na traseira. Além disso o motor é o bem conhecido EA888 2l TSI a gasolina, com 245 cv e 370 Nm de binário. Agora numa EVO4 recebe não só um filtro de partículas, mas também mais pressão de injeção de combustível.
A direção está mais rápida e a Volkswagen estreia o sistema VDM que agrupa na mesma centralina a gestão eletrónica da direção, caixa, suspensão e do autoblocante eletrónico XDS. O objetivo é o de aumentar a rapidez de resposta bem como a integração de todos estes parâmetros. Em estrada parece-nos que o objetivo foi cumprido.
Sem surpresas, quando trocamos o modo “Comfort” pelo “Sport” para sentir a alma desportiva do Golf GTI, o que obtemos é um produto coeso. A direção ganha peso mas não fornece mais informação, e a suspensão fica demasiado rija para as nossas estradas nacionais. Nova escolha no modo “Individual” e os 15 níveis de ajuste da suspensão DCC permitem encontrar uma afinação mais ao jeito “Português”. Deixemos o Sport para aquele “track-day” ocasional, e usemos então este, configurado a gosto, para os devaneios do dia-a-dia.
Muitas afinações possíveis mas…
Nesta 8ª geração o Golf GTI mantém um bom comportamento, com uma dianteira fácil de inserir em curva e que resiste bem à subviragem, mérito da calibração do diferencial XDS e de uma direção isenta de efeitos de binário. A caixa DSG não é muito rápida em modo manual e as patilhas de comando continuam demasiado pequenas. Os travões são impecáveis e permitem desacelerar até à entrada da curva, em virtude de uma afinação da traseira muito estável. Todavia este GTI não é super ágil. Ao explorar as capacidades dinâmicas do Golf, o som do motor, no seu modo mais desportivo, ganha volume mas nunca encanta, apesar dos rateres ocasionais. Parece que neste capítulo, e com as cada vez mais exigentes normas, estamos condenados à monotonia…
Contudo, e apesar dos movimentos da carroçaria estarem bem controlados, o Golf GTI nunca tem a capacidade direcional em aceleração que outros concorrentes com autoblocantes mecânicos possuem. Nem o nível de performance, de envolvência e de diversão na condução é igual.
Em suma, o Volkswagem Golf GTI é um desportivo muito competente, mas que não entusiasma o condutor naquele momento especial. Sejamos sinceros, das três versões do Mégane RS, um dos concorrentes deste Golf GTI, o modelo base também não é o mais emotivo.
Bom equipamento, mas há extras obrigatórios
O Volkswagen Golf GTI tem um preço de 46 550 € e uma lista de equipamento de série muito completa. Destacamos a iluminação LED Matrix, os sensores de estacionamento e os vidros escurecidos. Todavia, a unidade ensaiada incluía ainda as jantes de 19″ (1347€), a obrigatória suspensão DCC (787€) e a camara traseira (304€). Também contamos com o opcional som Harman Kardon (619€), com boa qualidade. Nesse sentido, estes opcionais elevam o custo final para os 49 916 €.
O Volkswagen Golf GTI mantém-se com os atributos que fizeram dele um dos principais players do segmento no entanto, pelo facto da sigla GTI estar agora associada à versão mais modesta, as três letrinhas mágicas perderam algum encanto… e nós somos assim, queremos sempre mais!
Conclusão
A Volkswagen sabe perfeitamente que o cliente habitual do seu Golf GTI procura um carro de uso diário com algum cariz desportivo. E nesta 8ª geração é exatamente isso que apresenta, num hot-hatch coeso e muito bem afinado para utilização regular. Todavia este sub-segmento vê cada vez mais uma expressão desportiva de quem procura mais performance e agressividade, parâmetros onde provavelmente só as outras versões ClubSport e R, estarão à altura dos melhores. Em suma, excelente como Golf, rápido e eficaz como GTI, mas falta-lhe o sumo que é a emoção ao volante.
Ficha Técnica
1984 cm3
Cilindrada
370 Nm
Binário Máximo
245 cv
Potência
6,2 s
0-100 KM/H
250 km/h
Velocidade Máxima
6,6 l/100 km
Combinado
10,0 l/100 km
Registado
168 g/km
Emissões CO2
46 550€
Base
49 916€
Ensaiado
Conforto. Utilização diária.
Ergonomia de alguns comandos. Pouca emoção.