Há automóveis que nos convidam a agarrar no volante, fugir da rotina e descobrir um país repleto de encantos. Já o tínhamos feito ao volante do Volvo XC40 com o roteiro por Pinhel, a cidade Falcão, agora foi vez de rumar para sul para recarregar baterias, não as do Volvo XC40 PHEV T5, mas as nossas…
Assim o fizemos num caloroso fim de semana de agosto. Com as baterias carregadas não era de todo possível alcançar o destino em modo elétrico, mas contamos com uma ajuda nos consumos durante os primeiros quilómetros. Em viagem destacam-se algumas das qualidades do Volvo XC40. Entre elas, o conforto, a qualidade e o bom isolamento acústico, justificando as mais de 200 mil unidades já vendidas.
Um SUV que conquista!
Sem alterações estéticas face às versões não híbridas, o Volvo XC40 T5 Plug-in passa completamente despercebido. À frente temos um motor 1.5 l de três cilindros que é ajudado por um motor elétrico para conseguir uma potência combinada de 262 cv, mas que só é utilizada em um dos modos de condução, o POWER. A bateria de 10,7 kWh está alojada no túnel central. Não prejudica a capacidade da bagageira, mas praticamente impossibilita um quinto passageiro devido a um túnel central muito pronunciado. A tração é apenas frontal, recorrendo a uma caixa automática de dupla embraiagem de sete velocidades que, infelizmente, não dispõe de patilhas no volante.
Com uma posição de condução alta, superior à média do segmento, a condução é muito suave com o XC40 PHEV a arrancar sempre em de forma elétrica, com o modo Hybrid selecionado. A resposta é sempre imediata e constante, notando-se o trabalho do motor elétrico, anulando o maior tempo de resposta típico dos motores turbo. Em qualquer situação, mais do que um comportamento dinâmico correto, nota-se a primazia do construtor pela segurança e estabilidade, e o funcionamento do motor de três cilindros não afeta o bom ambiente a bordo. O interior é simples, mas reina a qualidade e o detalhe, com um sistema de info-entretenimento colocado na vertical e que depois de algum uso se torna fácil de manusear.
O que também contribui para um bom ambiente são os confortáveis e envolventes bancos com inúmeros apoios. Ainda que a qualidade de montagem e materiais esteja ao nível daquilo que a marca sueca já nos habituou, com excelentes níveis de habitabilidade, a suspensão podia ser mais eficaz em pisos muito degradados, nos quais se inclui por exemplo troços em terra batida. Afinal, estamos ao volante de um SUV…
A “pedra no sapato” do Volvo XC40 PHEV
O outro enorme calcanhar de Aquiles do Volvo XC40 PHEV é, sem dúvida alguma, a travagem. Não existe qualquer feedback de travagem na primeira abordagem ao pedal, facto que acaba por nos obrigar a uma travagem brusca e desconfortável para os ocupantes. Fizemos o teste com vários condutores e o resultado foi sempre o mesmo nas primeiras travagens. Não é que seja difícil imobilizar o XC40 PHEV naturalmente, mas a transição entre a travagem em desaceleração para regenerar energia e a efetiva travagem acionando o sistema travagem é brusca. Por outro lado, o modo B da caixa, supostamente útil para ajudar na regeneração e que poderia ajuda também a colmatar esta situação na travagem, é impercetível, não se sentindo qualquer efeito de travagem com o motor para ajudar na regeneração.
Ainda assim, reunidas algumas condições importantes, fomos capazes de cumprir os 40 km que costuma marcar no computador de bordo, sem gastar uma gota de combustível. Contudo, devemos referir que o mais normal sem preocupação excessiva é fazer pouco mais de 30 km. Contar com muito mais do que 40 km é ir ao engano…
Modos de condução e tempos de carregamento
Os quatro modos de condução permitem ajustar o XC40 plug-in às diversas condições. O modo Hybrid gere de forma autónoma a interação entre os dois motores. O modo Power, como já referido, permite utilizar a potência máxima combinada entre os dois motores. Existe ainda o modo Pure que privilegia a condução em modo elétrico, e o modo Off road que altera a sensibilidade do acelerador e ajusta o ABS e controlo de tração às condições do terreno. Para além destes quatro modos de condução, Hybrid, Power, Pure e Off Road, existe ainda a opção de recarregar a bateria com ajuda do motor a combustão, ou poupar a carga da bateria para uma utilização tardia.
A unidade em ensaio dispunha de mais de sete mil euros em packs para além dos 98€ do pneu suplente que deve considerar, e que num SUV nem deveria constar da lista de opcionais, mas sim da lista de equipamento de série.
Em termos de tempos de carregamento, o Volvo XC40 PHEV pode ser carregado num posto público em cerca de três horas. Numa tomada doméstica já serão precisas cerca de nove horas para carregar a totalidade da bateria. Com uma Wall box é possível reduzir este tempo para cerca de cinco horas. Apesar do elevado preço para particulares, o Volvo XC40 PHEV T5 tem um preço base para empresas de 35 000€ + IVA, neste caso totalmente dedutível, para além do pagamento de apenas 10% de tributação autónoma e 25% do valor do ISV.
Para particulares, a versão mais económica do Volvo XC40 é a nova T2, com um preço de venda a começar nos 34 895 € para a versão de caixa manual. São cerca de 11 500€ que exigem que as contas sejam muito bem feitas, pois dificilmente compensará.
Conclusão
Mesmo não sendo o mais dinâmico, o Volvo XC40 é um dos melhores SUV do segmento. Nesta versão PHEV oferece algumas vantagens, inquestionáveis para empresas, mas que exigem algumas contas para particulares, afinal estamos a falar de uma diferença superior a 10 mil euros face à nova versão T2.
Ficha Técnica
1477 cm3
Cilindrada
425 Nm
Binário Máximo
262 cv
Potência
7,3 s
0-100 KM/H
205 km/h
Velocidade Máxima
2,5 l/100 km
Combinado
6,5 l/100 km
Registado
57 g/km
Emissões CO2
46 500€
Base
59 365€
Ensaiado
Qualidade. Segurança. Imagem.
Travagem. Regeneração de energia. Suspensão.